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Primo próximo dos humanos, gibão é último macaco a ter genoma revelado

O genoma do gibão é 96% semelhante ao dos seres humanos, segundo pesquisa - Lisi Niesner/Reuters
O genoma do gibão é 96% semelhante ao dos seres humanos, segundo pesquisa Imagem: Lisi Niesner/Reuters

Will Dunham

Em Washington

10/09/2014 16h17

Os cientistas revelaram nesta quarta-feira (10) o genoma de gibões, primos geneticamente próximos dos humanos. O material genético dessa espécie de primata era um mistério para a ciência até então, sendo a última a ter seus segredos revelados pelos cientistas.

“Agora temos a sequência inteira dos genomas de todos os grandes macacos e, com este trabalho, também dos macacos pequenos, como é o caso do gibão”, afirma Jeffrey Rogers, pesquisador de genética de primatas no Centro de Sequenciamento do Genoma Humano do Baylor College of Medicine, em Houston, Texas (EUA). Segundo ele, a pesquisa fornece novas informações sobre a história do genoma humano, em termos evolutivos. O estudo foi publicado na revista Nature.

Os cientistas constataram a base genética responsável pela capacidade de os gibões se locomoverem tão rapidamente de uma árvore para outra, além de detectarem um grande número de mudanças estruturais no DNA do animal. Essas mudanças que seriam problemáticas para outras espécies, e que causariam câncer em seres humanos, não parecem ter sido um obstáculo para a evolução dos gibões.

Os pesquisadores analisaram o genoma de uma fêmea de gibão de bochechas brancas do norte da Ásia e sequenciaram os genomas de oito outros indivíduos. Eles estimaram que os gibões divergiram de outros macacos 16,8 mil anos atrás.

O genoma de gibões preenche uma lacuna entre os chamados Macacos do Velho Mundo, que incluem os babuínos e os grandes macacos, afirma Lucia Carbone, especialista em genômica primata da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon e do Centro de Pesquisa Primata Nacional. Segundo ela, outros estudos estimam o genoma do gibão como 96% semelhante ao de seres humanos, em comparação com 98% para os chimpanzés, nosso primo macaco mais próximo.

Os gibões são uma espécie em perigo. Uma de suas subespécies, o gibão de Hainan, tem apenas 20 indivíduos vivendo na natureza. A pesquisadora Lucia Carbone espera que a descoberta ajude a criar estratégias de conservação para os gibões e que, ao avaliar a diversidade genética em populações selvagens, seja possível identificar quais estão mais em risco de extinção.

Os gibões são animais onívoros que buscam alimentos nas copas altas das florestas. Eles se alimentam de frutas, folhas, ovos de pássaros e insetos. Esses primatas são monogâmicos e formam pares por um longo período da vida. Ao todo, existem 19 espécies de gibões, cujos indivíduos pesam entre cinco a 12 kg.