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Barreiras poderiam ter evitado que lama chegasse ao ES

Equipes trabalham entre os escombros após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG) - Antonio Cruz/Agência Brasil
Equipes trabalham entre os escombros após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG) Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

Maria Júlia Marques

Do UOL, Em São Paulo

15/11/2015 07h39Atualizada em 17/11/2015 14h54

A catástrofe que causou danos incalculáveis ao ecossistema do rio Doce, com o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco em Mariana (MG), poderia ter sido minimizada caso houvesse planos de contenção imediatos, de acordo com ambientalistas consultados pelo UOL.

A construção de simples barragens e diques de contenção nas cidades vizinhas do desastre ajudariam a evitar que os resíduos se espalhassem e comprometessem a natureza local. Ainda segundo ambientalistas, o princípio da medida seria o mesmo de derramamentos de óleo ou petróleo: construir barreiras para os dejetos não alcançarem maiores distâncias.

É irresponsável não ter um plano de contingência. Mas dadas as circunstâncias, se as barragens fossem implementadas no momento do acidente, era possível evitar que a lama chegasse ao ES

Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica

Para a ambientalista, as autoridades não tiveram respostas rápidas para o acidente e tornaram a restauração da natureza impossível. "Não há como saber com certeza o que aconteceria, mas que as barreiras reduziriam consideravelmente os dejetos é um fato. Evitariam possíveis problemas de distribuição ou contaminação de água no Espirito Santo. Agora que a lama já está próxima do Estado, era necessária a construção de barragens para evitar que afete o oceano Atlântico".

Para tentar conter os danos do rompimento das barragens em Minas Gerais, o que foi feito é que ao menos três hidrelétricas que ficavam no caminho do fluxo do rio Doce foram liberadas por completo para dar vazão e evitar que a lama transbordasse.

A Samarco disse ao UOL que "a construção de pequenas barragens ao longo do rio Doce não faz parte das ações previstas no Plano de Contingências aprovado pelos órgãos competentes". Além disso, afirmou: "o plano foi cumprido pela Samarco prontamente, que mobilizou Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Prefeitura de Mariana". Segundo a empresa, eles estão realizando um estudo sobre o impacto na área atingida para a realização de um plano de recuperação no futuro. No atual momento, eles estão focados apenas no resgate e apoio às vítimas.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do Ministério de Minas e Energia, também foram questionados pela reportagem do UOL sobre a construção de barragens de contenção para casos de acidente, planos de prevenção, retirada da lama e medidas tomadas para mitigar os danos ambientais. As entidades não responderam aos questionamentos.

O Ibama multou a mineradora Samarco em pelo menos R$ 250 milhões pelo rompimento de duas barragens. A multa abrange as seguintes infrações: poluir rios, tornar áreas urbanas impróprias para a ocupação humana, causar interrupção do abastecimento público de água, lançar resíduos em desacordo com as exigências legais, provocar a morte de animais e a perda da biodiversidade ao longo do rio Doce, colocando em risco a saúde humana.