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Ilha asiática perdeu quase 150 mil orangotangos em 16 anos

Frans Lanting/National Geographic Creative
Imagem: Frans Lanting/National Geographic Creative

Em Jacarta

16/02/2018 15h44

A população de orangotangos na ilha de Bornéu, na Ásia, reduziu para 148.500 exemplares em 16 anos (entre 1999 e 2015) devido à caça ilegal, ao desmatamento e às plantações, revelou um estudo publicado pela revista científica "Current Biology".

A demanda por recursos naturais eliminou mais de 100 mil orangotangos, segundo o trabalho, divulgado esta semana e que é assinado pelo especialistas Maria Voigt, Serge A. Wich e Marc Ancrenaz.

O estudo mostra que a destruição das florestas para a criação de plantações é o responsável pela queda mais acentuada na população de orangotangos, mas a poda de árvores e a caça causaram um maior número de mortes.

Pelo menos 2.256 orangotangos morreram na média anual entre 1999 e 2015 devido à caça ou aos conflitos com os humanos em Kalimantan, que é como se conhece a parte de Bornéu controlada pela Indonésia e que compreende a maior parte da ilha.

As três principais metapopulações - grupo de populações de uma espécie, separadas no espaço e que interagem entre si - de orangotangos em Kalimantan são as de Schwaner Ocidental, Schwaner Oriental e Karantan.

No período estudado, Schwaner Ocidental perdeu 42.700 orangotangos, e tinha 40.700 em 2015; Schwaner Oriental, 20.100 e tinha 16.800; e Karantan, 8.200 e tinha 9.000, segundo estimativas.

O estudo calcula que entre 2020 e 2050 a população em Schwaner Ocidental cairá para 31.100 exemplares; em Schwaner Oriental, para 14.700; e em Karantan, para 6.100.

"Apenas 38 das 64 metapopulações que sobrevivem contam com mais de cem membros", adverte a pesquisa.

O estudo acredita que com vontade política e participação social se pode fornecer um futuro para os orangotangos em Bornéu através de fórmulas como a educação, a colaboração com as companhias madeireiras e de papel, e de plantações, e planos sustentáveis no uso da terra e na exploração dos recursos naturais.

Em agosto de 2017, o Governo publicou o estudo População do Orangotango e Avaliação da Viabilidade do seu Hábitat (PHVA), no qual se indica que 57.350 orangotangos vivem em Bornéu.

A União Internacional para a Conservação da Natureza considera a espécie "gravemente ameaçada".

A flora e fauna de Bornéu - que a Indonésia compartilha com Malásia e Brunei - foi gravemente dizimada nas últimas décadas pela expansão dos cultivos das indústrias de papel, de óleo de palma e de borracha.