Temperatura pode subir em um século e meio o que aumentou em 20 mil anos
De 20 mil anos atrás (o que coincide no fim da última era glacial) para cá, a vegetação do nosso planeta mudou bastante, em decorrência do aumento das temperaturas -- a Terra ficou entre 4 e 7 graus Celsius mais quente, em média.
Agora, diz um estudo que será publicado na revista Science da próxima sexta-feira (31), se a emissão de gases poluentes não for estancada, podemos viver um ganho de temperatura similar, em um período muito mais curto de tempo: 150 anos. E o impacto disso nas vegetações pode ser ainda mais drástico, dado o ritmo acelerado das transformações.
"Descobrimos que os ecossistemas em todo o mundo experimentaram grandes mudanças", disse à publicação Connor Nolan, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. É dessa instituição o artigo "Transformação global passada e futura dos ecossistemas terrestres sob a mudança climática”, que traz os dados.
A pesquisa foi utilizada como base para projetar as mudanças que podem ocorrer no nosso ecossistema durante o século 21, levando em consideração, principalmente, o avanço do aquecimento global.
Segundo Nolan, esse estudo é a maior compilação de dados sobre a vegetação do planeta, tendo em vista o período que vai do auge da última era glacial, cerca de 21 mil anos atrás, até a era pré-industrial.
A pesquisa chegou a uma conclusão preocupante: as regiões do mundo que tiveram os maiores aumentos de temperatura desde a era glacial também tiveram as maiores mudanças na vegetação.
"Nós usamos os resultados do passado para analisar o risco de futuras mudanças nos ecossistemas", disse Nolan. "Descobrimos que, à medida que as temperaturas aumentam, há riscos cada vez maiores para mudanças nos ecossistemas".
O estudo ainda levanta outra questão importante. O aumento da temperatura vai ameaçar diretamente a biodiversidade dos continentes e pode inviabilizar os recursos naturais, como a água.
Leia também
"Se permitirmos que a mudança climática não seja controlada, a vegetação deste planeta vai parecer completamente diferente do que é hoje, e isso significa um enorme risco para a diversidade do planeta", disse o co-autor do estudo, Jonathan Overpeck,.
O trabalho está programado para ser publicado na edição de 31 de agosto da revista “Science”. A National Science Foundation, o Centro de Ciências de Adaptação ao Clima do Sudoeste do Departamento do Interior dos EUA, a Academia Russa de Ciências e a Fundação Russa para Pesquisa Fundamental financiaram a pesquisa.
A equipe usou pesquisas publicadas anteriormente que calcularam como a temperatura mudou desde as eras do gelo até a era pré-industrial para locais em todo o mundo. Para cada um dos locais, os autores recrutaram especialistas para determinar se o grau de alteração da vegetação desde a era do gelo era baixo, moderado ou grande. Essa estrutura comum tornou possível comparar os 594 registros.
"Estamos falando da mesma quantidade de mudanças que demoraram 10 a 20 mil anos para se concretizar e que agora serão espremidas em um ou dois séculos", disse Jackson, utilizando como exemplo os incêndios florestais nos Estados Unidos.
Segundo o pesquisador, as florestas podem não voltar a crescer com as mesmas espécies que estiveram lá. Como um exemplo, ele disse que as florestas nos EUA ocidentais devastadas por incêndios florestais podem não voltar a crescer com as mesmas espécies que estiveram lá.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.