Cadê o frio? Entenda por que o outono ainda vai demorar para chegar
O outono começou há um mês e meio, mas até agora o frio não deu as caras no Brasil. O vilão que está mantendo o clima quente é o El Niño, um fenômeno climático que impede a chegada do frio ao continente e que deixará as temperaturas acima da média até meados de junho.
A meteorologista da Climatempo Graziella Gonçalves explica que os satélites não conseguem prever a intensidade e a periodicidade do fenômeno. Ao contrário da La Niña, ele atua aquecendo as águas do oceano Pacífico perto da linha do Equador. "O El Niño diminui o frio porque essas altas temperaturas devolvem para o mar as massas de ar polar, impedindo que elas atinjam o continente", explica.
Desta vez, o El Niño chegou no verão passado, tornando a estação menos chuvosa do que de costume. No outono e inverno, acontece o oposto. "O clima continua seco, mas com temperaturas elevadas e tendência de chuvas na região Sul", diz a especialista.
Maio será quente no país inteiro. Teremos alguns episódios de frio na segunda quinzena do mês, mas não será uma queda brusca. Só vamos começar a sentir frio de verdade em meados de junho.
Graziella Gonçalves, meteorologista do Climatempo
Graziella explica que o El Niño "vai atuar em todo o outono e inverno" e, mesmo que perca intensidade, se manterá até o final de 2019. "A previsão ao longo do mês de maio é que continue nessa condição: as massas de ar frio vão sempre terminar no mar."
No inverno, o frio também não vai durar. "Quando as ondas de frio chegarem, elas serão fortes, mas vão durar pouco. Isso vai acontecer até o começo de agosto. Sempre assim: poucas e rápidas ondas de frio."
O outono deste ano permanecerá predominantemente seco no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. A partir de agora, o Sul receberá chuvas mais frequentes porque é a única região afetada pelas precipitações provocadas pela inversão dos ventos que o El Niño provoca a altitudes superiores a 10 mil metros.
Mas o outono deste ano não vai ter aquele friozinho de manhã e à noite porque a amplitude térmica não é grande como em período sem o fenômeno climático. A temperatura mínima não será tão diferente para crescer durante o dia.
Graziella Gonçalves
Calor recorde no Sul e Sudeste
Nas regiões Sul e Sudeste, onde as temperaturas amenas são mais frequentes no outono, o calor dos primeiro dias de maio bate recordes em 2019, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
São Paulo registrou ontem 19,8°C de temperatura mínima, índice que está entre os seis maiores para um dia de maio no período entre 1961 e 2019. Hoje, porém, a capital paulista amanheceu com mínima de 18°C e deve ter dias mais frescos até a próxima quinta.
Em Porto Alegre, a temperatura mínima de ontem (21,4ºC) foi a segunda mais alta para o mês desde 1988. Já em em Curitiba, o sábado 4 de maio registrou a maior temperatura máxima em 17 anos: 29,9°C.
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