Topo

Salles é vaiado e se retira do Senado em sessão sobre meio ambiente

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

06/06/2019 12h16

O ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) foi vaiado hoje no Senado enquanto discursava e se retirou do plenário durante sessão especial para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente.

O público que acompanhava o ato também virou de costas para o ministro enquanto ele falava. As galerias estavam tomadas por ativistas ambientais, povos indígenas, representantes da sociedade civil, entre outros grupos.

Ao deixar a Casa, o chefe da pasta minimizou a reação do público. "A democracia é assim, cada um pode ter a reação que quiser", disse ele, visivelmente constrangido.

Salles foi vaiado pela primeira vez ao tentar, em discurso, justificar o que tem sido apontado como um "desmonte" na pasta.

Segundo ele, não houve enfraquecimento da fiscalização ambiental, e sim uma mudança de "gestão" buscando eficiência na aplicação de recursos.

"O desmonte foi herdado de gestões anteriores", declarou ele, em referência aos governos do PT. "Desmonte houve antes, não agora."

Na versão do ministro, o governo Jair Bolsonaro não "nega as condições climáticas", tanto que, por esse motivo, teria permanecido no Acordo de Paris. "Esse é um assunto reconhecido por nós", comentou. "O governo não nega nada."

Ao terminar sua fala, o chefe do Ministério do Meio Ambiente foi vaiado novamente e decidiu ir se retirar do plenário. Líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ainda tentou convencê-lo a ficar e disse que estava ansioso para ouvir suas respostas.

Salles se retirou, no entanto, alegando que tinha outros compromissos. Ironicamente, o público nas galerias iniciou o grito de "fica, fica". O ministro também foi chamado de "fujão".

Na tribuna, Randolfe fez um discurso inflamado e criticou o representante do governo Bolsonaro diversas vezes, acusando-o de ter mentido.

Na presença da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que também participa do evento, o parlamentar declarou cogitar, inclusive, um pedido de impeachment de Salles. Para ele, ao faltar com a verdade no Senado, ensejaria crime de responsabilidade. Raquel não se pronunciou.