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Bolsonaro rebate fala de Macron sobre Amazônia: "mentalidade colonialista"

Jair Bolsonaro responde a Emmanuel Macron no Twitter Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

22/08/2019 19h46

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) rebateu o presidente da França, Emmanuel Macron, que se posicionou hoje sobre as queimadas na Amazônia. O político brasileiro escreveu que a sugestão do francês, de discutir assuntos ligados à floresta no encontro do G7, "evoca mentalidade colonialista".

"Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema", escreveu Bolsonaro no Twitter.

"O Governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI", acrescentou.

Hoje mais cedo, Macron também usou a rede social para falar sobre o tema. "Nossa casa está queimando. Literalmente. A floresta amazônica, pulmão que produz 20% do oxigênio do nosso planeta, está em chamas. Isso é uma crise internacional. Membros do G7, vamos discutir essa emergência de primeira ordem em dois dias", escreveu o presidente francês.

O próximo encontro do G7 - que reúne os presidentes de EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão - será realizado neste fim de semana, em Biarritz (França).

Bolsonaro voltou a falar de Macron durante transmissão ao vivo em suas redes sociais. Citando indiretamente a publicação do francês, o presidente brasileiro classificou como "desfaçatez" a posição do líder europeu.

"Um país, agora sem dizer o nome aqui, falou da 'nossa Amazônia'. Teve a desfaçatez de falar a nossa Amazônia. Estão interessado em você, brasileiro que está me assistindo aqui, em um dia ter um espaço na região amazônica pra ele. Então, essas questões nós temos que ter informações, temos que nos preocupar em buscar e equilibrar essa narrativa de notícias sobre essa região tão rica", afirmou Bolsonaro.

Mais cedo, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou estar preocupado com as queimadas na floresta Amazônica e pediu proteção à biodiversidade da região.

"Estou profundamente preocupado com as queimadas na floresta Amazônica. Em meio à crise climática global, não podemos permitir mais danos a essa grande fonte de oxigênio e biodiversidade. A Amazônia precisa ser protegida", escreveu Guterres em sua conta no Twitter.

Hoje pela manhã, Bolsonaro voltou a dizer que as ONGs (Organizações Não Governamentais) são suspeitas de causarem as queimadas na floresta Amazônica, mas admitiu não ter como provar.

"Quer que eu culpe os índios? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que é esse pessoal de ONG que perdeu a teta deles, é simples", falou o presidente, antes de acrescentar:

"Não se tem prova disso. Ninguém escreve isso 'eu vou queimar lá'."

Crítica reacende rixa entre Macron e Bolsonaro

O tom crítico entre Macron e Bolsonaro sobre a queimada na Amazônia é mais um capítulo da relação tensa entre os dois presidentes. A primeira "crise" entre os políticos começou durante reunião do G20, que foi realizada em junho, em Osaka, no Japão.

Inicialmente, a agenda do presidente brasileiro previa uma reunião bilateral com Macron durante o evento. Contudo, segundo reportagem da BBC News Brasil, a delegação do líder francês previa apenas uma breve conversa informal. Após uma série de desencontros de informações, Bolsonaro e Macron se reuniram por cerca de 20 minutos, e o presidente brasileiro convidou o francês para vir "conhecer a Amazônia" e teria reforçado que o país seguiria fazendo parte do Acordo de Paris.

Ainda no evento, Macron e a chanceler alemã, Angela Merkel, endureceram seus discursos contra o presidente brasileiro. O presidente francês ainda ressaltou que União Europeia e Mercosul só firmariam acordo se o Brasil se comprometesse a não deixar o Acordo de Paris.

Após retornar da reunião do G20, Bolsonaro voltou a criticar o posicionamento de Alemanha e França sobre questões ambientais e disse que Macron e Merkel "não tinham autoridade" para discutir o tema com o Brasil.

"Convidei ele (Macron) e a Angela Merkel a sobrevoar a Amazônia, se encontrasse num espaço entre Boa Vista e Manaus, 1 km quadrado de desmatamento, eu concordaria com eles. Agora o mesmo, como sobrevoei a Europa por duas vezes, eu também lhes disse que não encontrei 1 km quadrado de floresta naquela região. Então eles não têm autoridade para vir discutir essa questão para conosco", disse o presidente.

"Bolo" em ministro francês

Em outro incidente diplomático que irritou os franceses, Bolsonaro cancelou um encontro que teria com o ministro das Relações Exteriores do país, Jean-Yves Le Drian, no final de julho.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, argumentou que o cancelamento se devia a um excesso de agendas de Bolsonaro naquele dia. No mesmo horário previsto para encontrar o chanceler, porém, o presidente apareceu ao vivo em uma transmissão no Facebook enquanto cortava o cabelo.

No dia seguinte, Bolsonaro admitiu que não havia gostado de saber que Le Drian também se encontraria com representantes de ONGs no Brasil.

Na volta à França, o chanceler ironizou a situação. "Todo mundo conhece as restrições próprias das agendas dos chefes de Estado. Ao que parece, houve uma emergência capilar. Essa é uma preocupação que é estranha para mim", disse Le Drian, em uma referência irônica a sua calvície, em uma entrevista ao "Journal du Dimanche".

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