ONGs pedem que supermercados Casino vetem carne bovina do Brasil
As organizações disseram em um comunicado que o Casino é regido desde 2017 por regulamentos franceses que exigem que intervenha caso suas atividades cometam violação dos direitos humanos, do meio ambiente ou da saúde, assim como as de suas redes de distribuição.
Por isso, os advogados das ONGs enviaram uma carta ao presidente do grupo, Jean-Charles Naouri, citando os compromissos em termos de vigilância.
"Embora o grupo Casino reconheça explicitamente que a rede de fornecimento de carne bovina do Brasil está exposta a riscos extremamente sérios, sua política nesta área é claramente falha", denunciaram as ONGs, entre elas Sherpa, Canopée, Notre Affaire à Tous, Envol Vert e a Organização Nacional dos Povos Indígenas da Amazônia Colombiana.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (Inpe), entre agosto de 2019 e julho de 2020 o desmatamento na Amazônia brasileira foi 34,5% maior do que entre agosto de 2018 e julho de 2019, e a principal causa foi a criação de gado.
As empresas com as quais o grupo francês trabalha são responsáveis, por si só, por 4.497 quilômetros quadrados de desmatamento, de acordo com as ONGs.
"As pesquisas dos últimos dez anos apontam a responsabilidade dos abatedouros e distribuidores. Eles não apenas se abastecem regularmente de carne bovina de áreas recentemente desmatadas, mas também fecham os olhos às práticas de 'lavagem de gado', a fim de escapar da regulamentação brasileira", alegaram.
Um estudo recente da associação Envol Vert, divulgado em junho, mostrou evidências de desmatamento recente e de práticas de apropriação de terras baseadas em amostras de produtos de carne vendidos em vários supermercados pertencentes ao grupo Cassino no Brasil.
"É necessário que as grandes empresas, como o grupo Casino, assumam todo o alcance da lei sobre o dever de vigilância, o que as obriga a tomar medidas concretas para prevenir riscos e não apenas identificá-las em um documento", disse Célia Jouayed, da Notre Affaire à Tous.
As organizações pedem formalmente ao grupo que respeite suas obrigações legais e que exclua estes distribuidores de sua cadeia, e advertiram que, se não o fizerem dentro dos próximos três meses, levarão o grupo aos tribunais.
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