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Florestas da Amazônia perderam 974 toneladas de carbono entre 2011 e 2015

Desmatamento da Amazônia registrado em foto de julho de 2020 da ONG WWF - PA Media
Desmatamento da Amazônia registrado em foto de julho de 2020 da ONG WWF Imagem: PA Media

EFE, de Washington

01/10/2020 04h49

As florestas da Amazônia perderam 974 toneladas de carbono entre 2011 e 2015, com um terço deste prejuízo sendo causado pelo desmatamento, segundo estudo publicado nesta quarta-feira pela revista "Science Advances".

"O desmatamento é a causa principal das perdas de carbono nas florestas tropicais, mas não atua sozinho", diz o texto, que tem como principal autor Celso Henrique Leite Silva Júnior, do Laboratório de Ecossistemas Tropicais e Ciências Ambientais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), localizado em São José dos Campos (SP).

A fragmentação das florestas, que é uma característica do processo de desmatamento, "promove perdas indiretas de carbono, induzidas por um efeito nas bordas da floresta", o que não leva em conta as políticas para redução das emissões de carbono nos trópicos, segundo os pesquisadores.

Na Amazônia, maior floresta tropical contínua do mundo, o desmatamento transformou, de maneira constante, o que eram florestas de crescimento antigo em áreas destinadas à agricultura e à pecuária, o que fragmentou a paisagem.

Esse processo contribui, de acordo com o estudo, para o aumento do número de áreas de florestas separadas, e como resultado há um crescimento dos perímetros e a extensão das bordas florestais.

As mudanças na configuração da cobertura vegetal provocam perdas diretas de carbono devido ao efeito das bordas e pelas queimadas realizadas para abrir novas áreas de plantio e pastagem.

"A exposição das florestas da Terra ao efeito das bordas está muito extensa. Globalmente, 70% das florestas estavam dentro de um quilômetro das bordas florestais, em 2000. No entanto, só 5,2% das florestas da Amazônia brasileira estava dentro dessa mesma zona de bordas, em 2014", indica o estudo.

As conclusões desta pesquisa apontam as frágeis bordas desmatadas como uma fonte significativa, e até agora não mensurável, de perda de carbono.

Os pesquisadores observaram que enquanto a perda de carbono devido ao desmatamento na Amazônia diminuiu em aproximadamente 7 milhões de toneladas por ano, entre 2001 e 2015, as perdas de carbono nas bordas da floresta permaneceram inalteradas.

As florestas tropicais, que armazenam mais da metade do carbono na superfície do planeta, diminuíram cerca de 10% entre 1990 e 2015, por causa das atividades humanas, de acordo com os autores do estudo.

Mas não é apenas a redução das florestas que preocupa os pesquisadores, mas também a fragmentação resultante de quando as queimadas e as atividades agrícolas deixam "manchas" de floresta isoladas umas das outras, com as árvores nas bordas expostas a ventos turbulentos e ao aumento dos riscos de incêndio.

Para a realização do estudo, foi aplicado modelo em mapas que documentam a idade das bordas da floresta, registrados por monitoramento remoto entre 2000 e 2015 para visualizar a perda de carbono induzida pelas bordas na região.

Os pesquisadores concluíram que esforços como o planejamento paisagístico poderiam ajudar a explicar a enorme perda de carbono nas margens das florestas fragmentadas, observando que esta fonte de emissões dificulta o cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris.