Espanha tem em 8h volume de chuva maior que três dias no Rio Grande do Sul

As chuvas que deixaram mais de 150 mortos na Espanha nesta semana superaram, em apenas oito horas, o volume de três dias de tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio.

O que aconteceu

Agência meteorológica estatal registrou "acúmulos extraordinários" de chuva no sul e leste espanhol. Alguns municípios receberam 300 mm de água por metro quadrado em apenas algumas horas, "praticamente o que pode chover em um ano inteiro", divulgou a Aemet (Agência Estatal de Meteorologia) na rede social X.

Em algumas áreas, choveu mais de 490 milímetros em apenas oito horas. Na cidade de Chiva, o volume registrado no período foi de 491,2 mm. O número supera os 473 mm de chuva registrados entre os dias 30 de abril e 2 de maio em Caxias do Sul, fortemente atingida pelas tempestades que devastaram parte do Rio Grande do Sul há seis meses, segundo dados do portal Metsul.

Volume registrado em Chiva também supera três dias de chuva em Santa Maria (RS). Na cidade gaúcha, onde ao menos seis pessoas morreram em decorrência das enchentes, foram registrados 470,7 mm entre o último dia de abril e os dois primeiros de maio, ainda de acordo com a Metsul.

A precipitação em pontos de Valência, na Espanha, superou o acumulado em 24 horas de qualquer cidade do Rio Grande do Sul no evento de chuva extrema do fim de abril e o começo de maio, mas se considerado o período prolongado de instabilidade que atingiu o Rio Grande do Sul, os volumes foram parecidos ou o dobro do que choveu em um só dia na região mais castigada da Espanha. Metsul, em nota

Meses mais chuvosos de toda a série histórica de Porto Alegre, iniciada em 1910, são maio de 2024, setembro de 2024 e maio de 1941. Nos três períodos, foram registrados, respectivamente, 539,9 mm, 447,3 mm, e 405,5 mm de chuva.

Ou seja, o que choveu em poucas horas na cidade espanhola de Chiva equivale pouco mais ao que caiu de água em quase todo o mês de maio de 2024 em Porto Alegre, no mês mais chuvoso da história da cidade. O volume na localidade valenciana superou o que choveu no mês inteiro nos segundo e terceiro meses mais chuvosos da história da capital gaúcha. Metsul, em nota

Carros cobertos por água ao longo da BR-116 em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, nas enchentes do primeiro semestre
Carros cobertos por água ao longo da BR-116 em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, nas enchentes do primeiro semestre Imagem: Nelson Almeida AFP

Maior fenômeno meteorológico em quase 30 anos na Espanha

Aemet registrou 445,4 mm de chuva em 24 horas em Valência. É a maior precipitação em um dia na província desde 11 de setembro de 1996, quando caíram 520 mm em Tavernes de la Vall e 86 pessoas morreram. A média anual de precipitação na região é cerca de 500 mm, segundo a Metsul.

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Parte de Valência está inacessível. Assim como ocorreu no estado gaúcho, que também registrou mais de 150 mortes decorrentes das enchentes, estradas estão inundadas, e os sistemas de transporte aéreo e ferroviário foram gravemente impactados na província espanhola. "Reiteramos a importância de não fazer deslocamentos por estrada nas províncias afetadas na região", afirmou o presidente regional do leste de Valência, Carlos Mazón. A Direção-Geral de Trânsito manteve na noite de quarta-feira (30) a recomendação para que a população não circule por nenhuma estrada da província em razão das inundações.

Fenômeno é "sem precedentes", segundo ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles. Ela declarou que o Exército mobiliza unidades caninas para buscar corpos, necrotérios móveis e psicólogos para atender as vítimas.

Aemet alertou que as chuvas continuarão pelo menos até quinta-feira, embora se desloquem para o nordeste até a região da Catalunha. Os cientistas alertaram para o fato de os fenômenos meteorológicos extremos, como as ondas de calor e as tempestades, estarem se tornando mais intensos devido à mudança climática. "Estamos em um planeta mais quente e com mais energia disponível. Os padrões de precipitação estão se alterando em todo o nosso território. Vários estudos apontam para chuvas mais torrenciais", divulgou a Aemet.

*Com AFP

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