Moda no mar? Orcas voltam a usar 'chapéu de salmão' e intrigam cientistas

Foi no verão de 1987 que a "tendência" de usar salmões mortos na cabeça como se fossem chapéus foi identificada entre as orcas. Agora, 37 anos depois, esse fenômeno foi avistado mais uma vez no estado de Washington, nos Estados Unidos.

Modinha de volta?

Em 1987, uma orca fêmea influenciou todo o seu grupo ao usar o "chapéu de salmão". No ano seguinte, a "moda" foi considerada ultrapassada e elas nunca mais foram vistas assim até novembro deste ano.

Cientistas não entendem o porquê do movimento, mas acreditam que sejam as mesmas orcas da década de 1980. "Parece possível que alguns indivíduos que experimentaram [o comportamento] pela primeira vez possam tê-lo iniciado novamente", disse Andrew Foote, ecologista evolucionista da Universidade de Oslo, na Noruega, à revista científica New Scientist.

A disponibilidade de alimentos pode ser outra causa da "moda" entre as orcas. Para pesquisadores de orcas como Deborah Giles, da Universidade de Washington, esse comportamento pode indicar abundância de alimentos. South Puget Sound, próximo de onde foram encontradas, está atualmente repleto de salmão chum (Oncorhynchus keta).

Orcas são vistas com "chapéu de salmão" na costa oeste dos Estados Unidos
Orcas são vistas com "chapéu de salmão" na costa oeste dos Estados Unidos Imagem: Reprodução/Orca Network

Orcas têm o costume de esconder alimentos nas barbatanas e a cabeça pode ser só outro local para isso. "Vimos orcas que comem mamíferos carregando grandes pedaços de comida sob suas barbatanas peitorais, meio que enfiados perto do corpo", disse Giles, à New Scientist. Ela e outros cientistas acreditam que, por serem pequenos, os salmões podem não se acomodar em outras regiões que não a cabeça.

Drones e outras tecnologias poderão ajudar cientistas a confirmarem suas desconfianças. Para Giles e outros pesquisadores, o fenômeno deverá ser estudado.

Com o tempo, podemos ser capazes de reunir informações suficientes para mostrar que, por exemplo, alguém carregou um peixe por 30 minutos ou mais, e então o comeu.
Deborah Giles, em entrevista à revista científica New Scientist

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