Crocodilo mata homem com 'giro' fatal: como é a tática de ataque e defesa?

No estudo, os especialistas induziram os animais ao "giro da morte" usando dois métodos de estimulação. Um deles era uma simulação de alimentação, enquanto o outro era uma simulação de fuga. "A sugestão de alimentação envolveu apresentar a cada animal um item de isca, ao qual seria aplicada certa resistência durante a mordida. A segunda sugestão envolveu capturar cada animal com uma corda ou vara, uma técnica padrão para capturar crocodilos, mas que frequentemente incita uma tentativa de fuga", explica o estudo.

Segundo os especialistas, os crocodilos realizaram o "giro da morte" em pelo menos uma das circunstâncias provocadas. A tática foi utilizada pelos animais no momento de atacar a presa e/ou no momento de tentar fugir da vara de captura, o que indica que a manobra pode ser adaptada a depender da necessidade do animal em determinado cenário.

Os crocodilos podem utilizar a técnica até mesmo entre si. É comum os animais "lutarem" mordendo uns aos outros, geralmente com mordidas ao longo da cabeça, nas patas e na base da cauda. A tática de morder e torcer o adversário pode carregar a intenção de se alimentar dele ou simplesmente feri-lo para poder escapar. Segundo os especialistas, fósseis de crocodilos que apresentam marcas que teriam sido causadas por um "giro da morte" indicam que a estratégia pode ter sido adquirida justamente nestes confrontos com outro crocodilo e, ao longo da evolução, ter sido adaptada para ser utilizada também na caça.

Os resultados da pesquisa indicam que o comportamento é "onipresente" na família dos crocodilianos. O "giro da morte" não se restringe a apenas algumas espécies de crocodilos, sendo notado em animais que apresentam diferenças no tamanho e/ou no formato do focinho, além de estar presente em animais criados em cativeiro e naqueles selvagens.

Indonésia tem grande número de ataques

O caso que repercutiu recentemente aconteceu no final de março na praia Talise, em Palu, na Indonésia. Segundo o jornal britânico Daily Star, a vítima foi um morador local chamado Sadarwinata. Ainda de acordo com a publicação, os banhistas que testemunharam o ataque tentaram alertar Sadarwinata sobre a presença de um crocodilo-de-água-salgada (Crocodylus porosus). No entanto, o homem não conseguiu escutar os avisos e permaneceu no mar.

Ao chegar ao local, a equipe de resgate utilizou um drone térmico para monitorar os movimentos de Sadarwinata, que já estava morto. As imagens aéreas feitas com o dispositivo mostram o crocodilo nadando com o corpo da vítima na boca. Segundo as autoridades locais, os responsáveis pelo resgate tiveram de disparar contra o animal para que ele soltasse o corpo de Sadarwinata. O corpo recuperado tinha marcas profundas de mordidas, de acordo com o relato das forças policiais.

Em dezembro de 2024, outro ataque de crocodilo mobilizou a Indonésia. Na ocasião, Nurhawati Zihura, de 46 anos, foi abocanhada pelo animal ao lavar os pés no mar, na ilha de Sumatra. Segundo testemunhas, o crocodilo voltou à superfície uma hora depois do ataque, ainda segurando o corpo de Nurhawati em sua boca.

Os moradores locais atiraram pedaços de frango em direção ao animal, para que o crocodilo soltasse o corpo. Segundo o jornal britânico Metro, o crocodilo foi morto pelas forças policiais locais.

A Indonésia é um dos países com o maior número de ataques de crocodilos-de-água-salgada do mundo. Um levantamento citado pelo Daily Star indica que houve mais de 1.000 incidentes do tipo nos últimos dez anos no país. Já de acordo com o Metro, somente no arquipélago em que Sadarwinata foi atacado são encontrados 14 tipos de crocodilos.