Lobo-terrível não é o único: empresa quer recriar outros animais extintos
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A Colossal Laboratories & Biosciences anunciou o retorno do lobo-terrível (dire wolves, em inglês), extinto há mais de 10 mil anos, nesta segunda-feira (7). Além dele, outras espécies estão no radar da startup para voltarem à vida.
Animais na fila para serem desextintos
Startup aposta na chamada 'desextinção'. O intuito, segundo a corporação, é restaurar ecossistemas, preservar a biodiversidade global e até mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Iniciativa levanta questionamentos éticos e ecológicos. A discussão permeia entre os riscos e consequências de reintroduzir animais extintos em ambientes atuais, afinal, muitos deles foram profundamente alterados desde a última vez em que essas espécies existiram.

Espécies não são "ressuscitadas", diz paleogeneticista. Beth Shapiro, diretora científica da Colossal, alerta que recriar uma espécie extinta não significa trazê-la à vida exatamente como era.
Em contrapartida, todo organismo é mais do que apenas seu DNA. Caso contrário, gêmeos idênticos seriam pessoas intercambiáveis. Mas não são, porque vivem experiências únicas ao longo de suas vidas e são afetados por elas de modos diferentes Beth Shapiro, à Veja
Animais híbridos adaptados às condições atuais estão nos planos da empresa. No caso dos projetos da Colossal, a ideia não é simplesmente clonar animais antigos, mas criar híbridos com base em seus parentes vivos. "Sem o hábitat, os mamutes, que já se foram há milhares de anos, seriam apenas elefantes asiáticos adaptados ao Ártico", sugeriu a pesquisadora.
Mamute-lanoso, extinto por volta de 2000 a.C, pode voltar até 2028. A empresa já alcançou marcos importantes neste projeto, como a criação de camundongos geneticamente modificados com pelagem espessa e metabolismo acelerado - características típicas desses animais adaptados ao frio extremo. Trata-se da última espécie de mamute que se adaptou às regiões mais a norte do planeta e que tem tamanho mais aproximado dos elefantes-africanos atuais.

Tigre-da-Tasmânia, o tilacino, extinto na década de 1930, é outro foco da Colossal. O grupo trabalha atualmente na reconstrução completa de seu genoma, com o objetivo de recriar o animal por meio de técnicas de engenharia genética. Trata-se do maior marsupial carnívoro dos tempos modernos, sendo nativo da Austrália e Nova Guiné.

Dodô, extinto no século XVII. O icônico pássaro também está nos planos da startup. A empresa pretende recriar a espécie a partir da edição genética de aves modernas, que compartilham parte do DNA com o dodô original. Proveniente da família dos pombos, era endêmico das Ilhas Maurício, localizadas no Oceano Índico ao leste de Madagascar. Uma de suas características marcantes era a incapacidade de voar.

Empresa também anunciou o nascimento lobos-vermelhos clonados. Trata-se de duas ninhadas de uma das espécies mais ameaçadas de extinção.
O retorno do lobo-terrível
Lobo-terrível (Aenocyon dirus) 'voltou à vida' através de engenharia genética. Para os cientistas da Colossal Biosciences, esta foi a primeira desextinção bem-sucedida da história.
Três filhotes da espécie nasceram saudáveis após complexo processo de reconstrução genética. Tudo começou a partir da análise de fósseis. Os animais foram batizados de Romulus (macho), Remus (macho) e Khaleesi (fêmea), uma referência à série Game of Thrones.
Foram usados DNA de um dente de fóssil de 13 mil anos e crânio de 72 mil anos. Segundo matéria do Live Science, os fósseis foram determinantes para os cientistas conseguirem êxito na missão de recriar os genes únicos da espécie, ausentes em lobos atuais. "Hoje nossa equipe revela um pouco da magia que está criando", afirmou o CEO da Colossal, Ben Lamm.

DNA dos fósseis foi comparado com o de espécies atuais. Para a desextinção do animal, os cientistas da Colossal Biosciences reconstruíram o genoma do lobo-terrível comparando o DNA retirado dos fósseis com o de lobos não extintos, além de raposas e chacais.
Lobo-cinzento (Canis lupus), parente mais próximo dos dire wolves, foi a base do processo. Segundo matéria publicada na revista Time, a partir daí, 20 alterações genéticas foram feitas em 14 genes específicos, responsáveis por características como o tamanho avantajado, pelagem branca, dentes e mandíbulas grandes, marcas típicas dos lobos terríveis.
Dois filhotes (Romulus e Remus) nasceram em outubro de 2024 e Khaleesi em janeiro de 2025. As modificações foram feitas em células de lobos-cinzentos vivos, utilizando a tecnologia CRISPR de edição genética. Os núcleos dessas células alteradas foram inseridos em óvulos de lobos-cinzentos, que tiveram seus núcleos removidos. Os embriões formados foram implantados no útero de cadelas domésticas, que serviram como barrigas de aluguel.

Em 1º de outubro de 2024, pela primeira vez na história da humanidade, a Colossal restaurou com sucesso uma espécie anteriormente erradicada por meio da ciência da desextinção. Após uma ausência de mais de 10.000 anos, nossa equipe tem orgulho de devolver o lobo gigante ao seu lugar de direito no ecossistema. As inovações da Colossal em ciência, tecnologia e conservação tornaram possível realizar algo nunca feito antes: o renascimento de uma espécie a partir de uma população historicamente reduzida a zero Colossal.Biosciences em comunicado oficial
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