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15/04/2010

Liberais querem regularizar imigrantes "ilegais" assentados no Reino Unido

El País
Walter Oppenheimer
Em Londres
  • Nick Clegg, o líder do Partido dos Liberais Democratas

    Nick Clegg, o líder do Partido dos Liberais Democratas

O Partido dos Liberais Democratas britânicos apresentou um programa com marcado teor de centro-esquerda no qual se postula como uma formação defensora da equidade e com um plano detalhado de redução do déficit público do Reino Unido. Impregnado de medidas que pretendem reverter o que consideram erosão das liberdades civis durante 13 anos de Novo Trabalhismo, os liberais, que pretendem ter a chave do governo depois das eleições de 6 de maio, propõem regularizar os imigrantes sem-papéis (sem documentos) que estejam assentados no país há dez anos.

"Os conservadores querem expulsar 900 mil ilegais que nem sequer sabemos onde estão: isso é algo impossível", proclamou o líder do partido, Nick Clegg. Os liberais-democratas propõem "dar prioridade à deportação dos criminosos, mas permitir que as famílias que cumprem a lei tenham acesso à cidadania". "Vamos permitir que as pessoas que estão há dez anos na Grã-Bretanha sem os papéis corretos, mas falam inglês, têm um histórico limpo e querem ficar aqui obtenham a cidadania. Essa via para a cidadania não beneficiará as pessoas que chegarem depois de 2010".

Tradicionalmente ancorados na centro-direita nas áreas rurais e na esquerda nos núcleos urbanos, os liberais-democratas buscam o apoio dos eleitores de centro-esquerda mais descontentes com o Partido Trabalhista. Sua estratégia tem muito a ver com um sistema eleitoral que os penaliza mais que a ninguém e que em 2005 os deixou com menos de 10% dos assentos na Câmara dos Comuns, apesar de terem obtido mais de 22% dos votos.

Entre outras razões porque o atual sistema, que concede o escano de cada circunscrição ao candidato com mais votos, mesmo que este não represente a maioria dos emitidos, fomenta o chamado "voto tático". E os simpatizantes liberais tendem mais a votar trabalhista para evitar que ganhe um conservador do que o contrário.

A escassa vantagem que as pesquisas dão aos conservadores contra os trabalhistas e as pesquisas que indicam que uma alta proporção de britânicos quer que nenhum dos dois grandes partidos obtenha a maioria absoluta dão aos liberais expectativas de êxito pouco comuns.

Mas seu grande problema é há anos a credibilidade: ninguém os considera um partido de governo, e recebem mais votos de protesto do que de confiança em seu potencial administrativo. Nick Clegg e seu braço-direito, o veterano e muito popular porta-voz da Economia e Finanças, Vincent Cable, tentaram combater essa imagem apresentando uma série de propostas econômicas com detalhes que nenhum dos outros dois grandes partidos se atreveu a apresentar.

"Os outros partidos estão maquiando a economia nestas eleições. Tratam as pessoas como tolas, com programas eleitorais que apenas seriam adequados em tempos de bonança", denunciou Clegg. "A economia é o elefante na vidraçaria destas eleições. E suponho que eu seja o homem-elefante", afirmou Cable, com seu habitual sarcasmo.

Em seu programa propõem cerca de 30 medidas concretas para cortar os gastos em 17 bilhões de euros (cerca de R$ 29,7 bilhões), que seriam destinados em parte a reduzir os impostos dos contribuintes de renda mais baixa, aumentando para 11.400 euros (cerca de R$ 27 mil) o mínimo atual isento do imposto de renda, que é de 7.400 euros (cerca de R$ 17.600).

Entre as medidas propostas para aumentar a receita inclui-se uma drástica redução do mínimo isento na tributação das rendas do capital, maior taxação das residências de valor superior a 2,27 milhões de euros (cerca de R$ 5,4 milhões), um teto de 450 euros (cerca de R$ 1.000) anuais para os aumentos salariais dos funcionários públicos nos próximos dois anos, a introdução de um imposto aos bancos pelas ajudas públicas recebidas durante a crise e um aumento de 5 bilhões de euros (cerca de R$ 12 bilhões) nas arrecadações fiscais, eliminando os buracos legais que atualmente permitem que o Estado deixe de receber 45 bilhões de euros (cerca de R$ 107 bilhões) anuais através de medidas de engenharia financeira.

Entre as medidas de poupança propostas destacam-se a renúncia à renovação do programa de dissuasão nuclear, o cancelamento de parte do programa do avião de combate europeu, o Eurofighter, ou a renúncia à adoção do Documento Nacional de Identidade e do passaporte biométrico.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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