Ao atribuiu exclusivamente ao general Augusto Heleno a iniciativa de colocar espiões da Abin na campanha eleitoral, Bolsonaro jogou o velho amigo numa frigideira criminal. "É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma", declarou Bolsonaro, reincidindo no seu já conhecido desapreço pela máxima militar segundo a qual o comandante jamais abandona um subordinado. Bolsonaro demora a notar. Mas foi justamente essa mania de esquivar-se de responsabilidades que produziu a delação de Mauro Cid. O convívio com o então presidente converteu o ajudante de ordens em testemunha de transgressões e traições. Cid viu como Bolsonaro carbonizou, em 2021, o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e três comandantes militares. Assistiu à fritura de dois ministros palacianos, Gustavo Bebianno e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz. |