Não há coisa mais aborrecida — e, em certa medida, pilantra — do que negociantes disfarçados de poetas do fim do mundo, que estariam interessados apenas em nos contar os rigores do Apocalipse, caso o governo não faça as escolhas que eles próprios consideram corretas. Vimos isso com os números do déficit do ano passado. Esses anjos anunciadores do mal ignoraram o peso dos precatórios, meteram o carimbo de "governo gastador" — escondendo seu antipetismo e antilulismo numa fachada de rigor técnico — e, ora vejam!, dispararam algumas sentenças premonitórias terrificantes, daquelas que nunca se cumprem. Em matéria de texto apocalíptico, sempre perdem para São João. Este, sim, sabia fazer soar a trombeta. |