O que aconteceu de mais importante no debate da Record entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, na noite deste sábado, nada tem a ver com a eleição deste ano. A menos que as pesquisas estejam estupidamente erradas ou que dê a louca no eleitorado da cidade, Tábata Amaral, ainda no PSB, não estará no segundo turno. E é evidente que ela sabe disso. Ocorre que muito mais está em jogo nessa eleição. A deputada, com posições de centro-esquerda, é candidata a ganhar um lugar no coração da direita "light" de São Paulo, num ambiente em que muito se fala de uma tal "polarização" no país, que precisaria ser vencida. A tese é furada porque é inegável que há uma extrema-direita no Brasil — e também na maior capital do país —, mas inexiste o outro polo: a extrema-esquerda. No encontro da Record, a candidata do PSB elegeu Guilherme Boulos (PSOL) como alvo, procurando caracterizá-lo como falso moderado. Para ganhar parte do seu eleitorado? É pouco provável que consiga, dada a sua atuação. Ela está de olho no futuro. Tábata encarna o sonho de reconstrução do defunto PSDB; daquele tempo em que se podia bater no PT e no PSOL sem parecer um troglodita bolsonarista. |