A fatura está liquidada. Hugo Motta (Republicanos-PB) pode se considerar o futuro presidente da Câmara. Já tem o apoio anunciado de PL (92), PP (50), MDB (44), Republicanos (44), Podemos (14) e PT (68). Precisa de 257 votos. Esses partidos somam 312. Ainda que haja defecções, parece-me impossível haver 56 deputados rebeldes à orientação de seus respectivos partidos. E muita gente pode se juntar ao grupo: PSDB-Cidadania (17), PcdoB (7), PV (5), PSB (14)... Ainda que União Brasil (50) e o PSD (45) insistissem em que Elmar Nascimento (UB-BA) ou Antônio Britto (PSD-BA) poderiam se candidatar, só um milagre (ou algo que simule um) derrotaria Motta. É pouco provável que o futuro presidente bata o seu padrinho, Arthur Lira (PP-AL), que obteve em seu segundo mandato a maior votação da história — 464 —, mas já avançou bastante. Mais uma vez, Lira evidencia que tem, sim, o domínio de um vasto território na Câmara, ainda que, desta feita, PSD e União Brasil tenham decidido desafiar a sua liderança. Mas ele está em seu elemento e, mesmo não abrindo mão de um certo estilo imperial, consolidou a imagem de um presidente da Casa que atua como o chefe de um sindicato. A manobra para esfriar a tramitação do PL aloprado da anistia, por exemplo, conseguiu agradar ao PT, que não queria ver o texto aprovado na CCJ, e ao próprio PL, que percebeu que, por ora, não tem votos para aprovar o texto. Assim, a ideia segue viva, como querem os bolsonaristas, mas também pode perder força no curso do tempo, que, creio, é o que vai acontecer. |