| | Dirceu Portugal/Foto Arena/Estadão Conteúdo |
| | | | É hora de investir em empresas exportadoras como a JBS? | O destaque da semana em A Companhia fica por conta da JBS (JBSS3), selecionada por Sérgio Berruezo, analista de research da Ativa Investimentos. A instituição tem recomendação de compra para as ações da empresa. A JBS encerrou o terceiro trimestre de 2021 (último balanço disponível) com lucro líquido de R$ 7,6 bilhões, resultado 142% maior em relação a igual período do ano anterior. A receita líquida avançou 32,2% no intervalo, totalizando R$ 92,6 bilhões. Neste ano, as ações do frigorífico registram queda de 6,9%, até o dia 10 de março. Em 2021, os papéis acumularam valorização de 75,7%. Saiba mais sobre a JBS A JBS é a maior produtora de proteínas do mundo e, segundo sua última apresentação institucional (considerando as receitas do terceiro trimestre de 2021), a companhia ocupa também o topo do ranking global no setor de alimentos.
O grupo está presente em mais de 20 países, com negócios concentrados nos Estados Unidos (51%), Ásia (16%) e Brasil (12%). São mais de 450 unidades e escritórios ao redor do mundo, reunindo mais de 250 mil colaboradores. A empresa prevê divulgar seu demonstrativo financeiro relativo ao quarto trimestre do ano passado na próxima segunda-feira (21). PUBLICIDADE | | | Por que a JBS é uma oportunidade para investir? | Em sua análise, Berruezo ressalta que mais de 70% da receita da JBS é proveniente de operações nos EUA, que passam por um momento bastante positivo desde o ano passado, com a abertura do setor de "food service" (restaurantes). Ele cita também o ciclo bovino favorável aos frigoríficos, o que possibilitou repasses de preços acima da inflação com volumes de venda sustentáveis. "Além disso, o alto patamar do dólar em relação ao real tem ajudado muito a geração de caixa da JBS, que conseguiu pagar robustos dividendos", afirma o especialista. "A empresa fez ainda uma série de aquisições de pequeno e médio porte e promoveu um programa bastante relevante de recompra de ações, gerando valor aos acionistas em 2021." Outros destaques são a boa diversificação geográfica e marcas fortes em variados segmentos - como bovinos, suínos e aves -, além da baixa alavancagem financeira, especialmente se comparada aos níveis históricos. Pontos a favor - Momento favorável das operações norte-americanas;
- Portfólio diversificado geograficamente e também em relação a produtos, com operações nos EUA, Brasil, Austrália e Europa, operando no segmento de bovinos, suínos e frangos, além de produtos plant-based (alimentos à base de plantas);
- Forte demanda por carne bovina na China, derivada de mudanças nos hábitos de consumo, além da expansão da classe média no país asiático;
- O ciclo bovino no Brasil deve começar a melhorar a partir do quarto trimestre de 2022, como indicam número de retenção de fêmeas e vacinação de bezerros.
Pontos contra - Dólar tem apresentado queda no início deste ano. Caso a situação se sustente, o fluxo de caixa em reais da JBS tende a cair, já que boa parte de sua receita é dolarizada;
- Número de abates de fêmeas tem indicado que o ciclo bovino nos EUA deve começar a se inverter e ficar menos favorável aos frigoríficos a partir do quarto trimestre de 2022. Esse segmento é responsável por mais de 70% da receita da JBS;
- A Seara, uma das marcas do grupo JBS, tem registrado pressão nas margens de lucro, em razão dos preços elevados dos grãos - principal insumo utilizado pela companhia. Os altos valores derivam de quebras de safras e da crise na Ucrânia, que está em guerra com a Rússia.
| Ação está barata ou cara? | A Ativa Investimentos tem recomendação de compra para as ações da JBS, considerando os seguintes indicadores: Preço-alvo: a corretora estima um valor de R$ 49,20 para os papéis da empresa até o fim do ano, o que representa um potencial de alta de 39% em relação ao fechamento do dia 10/3. O cálculo mostra quanto vale a ação com base em projeções financeiras, sobretudo do fluxo de caixa descontado. Preço/lucro: a JBS tem apresentado um P/L de 4,62 vezes. Segundo cálculos da plataforma de informações financeiras Economatica, o resultado está abaixo da mediana dos últimos cinco anos (11,33 vezes). O índice mostra a relação entre o preço do papel em Bolsa e o lucro da companhia. Quanto maior, mais cara está a ação. Preço/valor patrimonial: as ações da companhia têm sido negociadas a 1,79 vez seu valor patrimonial, pouco abaixo da mediana de cinco anos (1,87 vez) - também conforme dados da Economatica. O P/VPA é obtido a partir da divisão do preço do papel pelo seu valor patrimonial e indica o quanto o investidor está disposto a pagar pelo patrimônio líquido da empresa. EV/Ebitda: está em 4,04 vezes, levemente abaixo da mediana de cinco anos, de 4,23 vezes. Indica o valor da companhia em relação à geração de caixa Berruezo pondera, no entanto, que o fluxo de caixa de empresas de commodities é influenciado por preços de mercado que apresentam alta instabilidade, "o que implica a necessidade de revisão periódica do preço-alvo [das ações]." | Para quem é indicada esta ação? | De acordo com o analista, a JBS se encaixa no perfil de quem busca companhias com atividades menos relacionados à economia brasileira, já que sua receita é predominantemente dolarizada e seus negócios têm maior exposição geográfica aos EUA. Quais são as perspectivas para a ação no médio e longo prazo? Segundo Berruezo, os papéis de companhias de commodities são altamente imprevisíveis no médio e longo prazo, pois suas cotações costumam ser bastante instáveis, em função justamente das variações de preços dos seus produtos. Trata-se, portanto, de um investimento de alto risco, o que deve ser considerado pelo aplicador. | | | Reprodução |
| | | | Análise gráfica | As ações da JBS se mantêm em tendência de "alta forte", segundo avaliação de Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos. Ele afirma que os gráficos vêm mostrando os papéis acima de uma linha de preço considerada positiva nos últimos 12 meses. O especialista observa que, durante a valorização vista nas últimas semanas, as ações da companhia encontraram uma resistência relevante no nível de preço próximo a R$ 38,30 -avançando pouco a partir de então. Caso venha a romper esse patamar, diz o especialista, as cotações podem subir a valores na casa de R$ 40,91, R$ 43,33 e R$ 45,75. Vella destaca que, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, os papéis do frigorífico se mantiveram acima de R$ 32,80 e R$ 33,68. Caso isso se sustente, o papel seguirá mantendo uma perspectiva positiva a médio prazo, diz o analista. | | | |
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