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| | | | Como ficam as ações do BB após lucro recorde e alta dos juros? | | O destaque da semana na newsletter A Companhia fica para o Banco do Brasil (BBAS3), escolhido pelo analista de bancos e serviços financeiros do Inter Research, Matheus Amaral. Segundo ele, o banco tem se mostrado resiliente nos últimos anos. Desde 2017, há um foco maior na rentabilidade e na busca por reduzir despesas, a partir da venda de negócios fora da atividade principal do banco, diz o especialista. Tal processo está em andamento, embora boa parte desses ativos ainda não tenham sido negociados, como no caso das fatias detidas no Banco Votorantim, no Banco Patagonia (Argentina) e na estrutura de cartões que envolve a Cielo -da qual possui o controle em conjunto com outras instituições. Entre essas iniciativas, o BB passou a atuar em parceria com o Banco UBS na distribuição e corretagem em investimentos, por meio de uma joint venture, que ainda está ganhando tração, relembra Amaral. De lá para cá, afirma o analista, os ganhos de eficiência trouxeram algum efeito no resultado e, em 2021, o banco apresentou um lucro líquido ajustado recorde de R$ 21 bilhões, com alta de 51,4% no comparativo anual. Após queda de quase 20% em 2021, as ações do BB acumulam valorização de 26% neste ano, até o dia 24 de março. Saiba mais sobre o Banco do Brasil O Banco do Brasil é uma das maiores instituições financeiras do país, atuando em diversos negócios, o que inclui serviços bancários, seguros, mercado de capitais, gestão de fundos e meios de pagamentos, além de apresentar a maior carteira de crédito voltada ao agronegócio - com cerca de R$ 248 bilhões e 54% de participação de mercado. Possui forte presença no crédito consignado, com uma carteira de R$ 107 bilhões e market share de 21%. A instituição é líder em gestão de recursos de terceiros, com um volume de R$ 1,3 trilhão administrado pela BB DTVM, cuja fatia de mercado é de 25%. PUBLICIDADE | | | Por que Banco do Brasil é uma oportunidade para investir? | Amaral ressalta que o banco conseguiu apresentar uma boa lucratividade no ano passado. O retorno sobre o patrimônio líquido (Roae) foi de aproximadamente 16% no intervalo, atravessando a pandemia de covid-19 com provisões adequadas à sua carteira de crédito e com excelente qualidade, apresentando níveis de risco e inadimplência abaixo de bancos privados, avalia a equipe de pesquisa do Inter. Tais fatores, aliados a uma política consolidada de distribuição de lucros, que gira em torno de 40%, e a um desconto excessivo em seu valor de mercado - por conta do risco estatal -, fazem com que as ações do BB sejam uma boa oportunidade de investimento, afirma o analista. Ele diz ainda que as atividades em meios de pagamentos com a adquirente Cielo, que é líder em volume transacionado no mercado, são um ótimo gerador de vendas cruzadas para o banco, a partir do relacionamento com pequenos, médios e grandes negócios. Além disso, o BB possui uma forte presença na administração de folhas de pagamento e órgãos públicos, o que traz uma abrangência nacional e relevante em transações. Outra frente de liderança da instituição é a BB Seguridade, holding que reúne todos os negócios em seguros e tem mostrado rentabilidade elevada e resiliência mesmo em cenários desafiadores, como a pandemia de covid-19. Pontos a favor - Carteira de crédito defensiva, com baixa inadimplência e liderança em consignado e empréstimo rural, além de menor exposição em operações com pessoa física
- BB Seguridade apresenta negócio rentável e resiliente
- Sólida estrutura de capital, com Índice de Basileia (medida de saúde financeira de uma instituição) acima de concorrentes privados
- Bom pagador de dividendos
- Boa pontuação em ESG (sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança) e presente em diversos índices ligados ao tema
Pontos contra - Controle estatal, que torna o BB vulnerável a interesses políticos conflitantes com os dos acionistas
- Grande estrutura física (agências e postos de atendimentos somam 5.683 unidades), o que traz maiores custos e menor eficiência
- As fintechs, o mercado competitivo e a agenda de inovações do Banco Central (como o open banking e o Pix) pressionam a posição de liderança
| A ação está barata ou cara? | O Inter Research tem recomendação de compra para o Banco do Brasil, baseada nos seguintes indicadores:
Preço-alvo: a corretora estima um valor de R$ 38 para o papel da instituição, até o fim do ano. Como a ação fechou cotada a R$ 35,32 no dia 24 de março, a interpretação é de que existe um potencial de alta, de 7,6%. O cálculo mostra o valor que o analista considera que a ação vai atingir em determinado tempo. É o principal referencial usado para determinar a recomendação de um papel, que pode ser de compra, venda ou neutra (nem comprar, nem vender).
No caso do BB, o preço-alvo considera um Roae de longo prazo de 14%, crescimento de 5,7%, custo de capital de 13,8% e um "payout" (percentual do lucro distribuído em proventos) de 40%. Preço/valor patrimonial: as ações têm sido negociadas a 0,7 vez seu valor patrimonial, mesmo num período em que o banco apresenta lucro e rentabilidade recordes, além de uma estrutura de capital sólida, o que o Inter considera um desconto excessivo. A média histórica situa-se entre 0,8 e 1 vez. "Claro que temos o risco eleitoral em 2022, que deve ser levado em consideração, mas, mesmo assim, não vislumbramos um cenário de prejuízos para os próximos anos." O P/VPA é obtido a partir da divisão do preço do papel pelo seu valor patrimonial e indica o quanto o investidor está disposto a pagar pelo patrimônio líquido da companhia. | Para quem é indicada esta ação? | De acordo com o analista, os papéis do BB são indicados para investidores que buscam companhias de valor, boas pagadoras de dividendos e com histórico de lucratividade.
"Além disso, em cenários de alta de juros, ativos como BBAS3 tendem a se beneficiar devido ao aumento dos spreads [diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nas aplicações dos clientes], apesar do risco de maior inadimplência", diz Amaral. "O BB possui uma carteira mais defensiva frente a outros bancos nesse sentido." Apesar de diversas vantagens competitivas, o especialista pondera que o controle estatal faz com que o banco apresente um risco constante de governança -mesmo possuindo uma estrutura avançada nessa área. Isso porque as sucessivas mudanças na administração, a cada troca de governo, deixam o BB vulnerável ao uso político, a alterações repentinas na estratégia e a um eventual conflito de interesses. Quais são as perspectivas para a ação no médio e longo prazo? Segundo Amaral, o BB deve seguir apresentando um bom desempenho nos negócios em que é líder de mercado (crédito rural, consignado, seguros, gestão de recursos), mesmo em um cenário de maior competição com as fintechs. "Acreditamos que, principalmente no mercado de crédito, sua sólida posição de capital traz ainda vantagens de manter sua carteira em larga escala", afirma. Em termos de tarifas e serviços bancários, no entanto, ele acredita que as inovações e custos reduzidos trazidos pelas fintechs -que devem ser impulsionadas pelo open banking e pelo Pix- podem continuar pressionando os resultados do banco em diversas frentes e diminuir a rentabilidade no longo prazo. "Ainda sim, não enxergamos um cenário de destruição de valor." O especialista diz ainda que as expectativas de alta nas taxas de juros, apesar de elevarem o risco de inadimplência, trazem maior alívio nos spreads bancários e resultados com floating (intervalo entre recebimento e repasse de recursos). Por fim, o cenário pós-pandemia, com a retomada plena das atividades, deve trazer melhores resultados com serviços bancários, afirma. | | | Reprodução |
| | | | Análise gráfica | A análise gráfica das ações do Banco do Brasil (BBAS3) foi elaborada por Weslley Mesquita, da MyCAP Investimentos.
Segundo ele, a ação tem tendência de alta no curto prazo. O especialista afirma que, uma vez superado o patamar de R$ 35,30, as ações podem subir ainda mais, podendo atingir R$ 37,05.
Mesquita afirma que, para os que buscam oportunidade de compra de BBAS3, existem dois horizontes possíveis: * Cenário 1: ação superar o preço entre R$ 35,30 e R$ 35,35, desde que o movimento de alta venha acompanhado de forte volume financeiro, preferencialmente acima de média (em torno de R$ 440 milhões por dia, considerando os 20 pregões anteriores a 24 de março); * Cenário 2: papel cair novamente para o patamar de R$ 33,90, no qual se identifica melhor relação entre risco e retorno para comprar. Para os que já possuem a ação, o analista cita duas situações: No curto prazo, manutenção em carteira se a ação for negociada na casa de R$ 35,30, mas vender se houver queda para a região de preço de R$ 34,50.
No médio e longo prazo, além de ser um papel que paga proventos periodicamente, Mesquita afirma o BB ainda tem um certo caminho a percorrer para retomar os níveis de preço pré-pandemia. Nesse sentido, o primeiro alvo importante seria a cotação de R$ 37,05 - que pode disparar uma tendência de ganhos mais elevados.
"No gráfico, as linhas em branco (do lado direito, em forma de V) sugerem o possível movimento do papel no curto prazo, em caso de desaceleração do movimento de forte alta recente", explica o analista. "O círculo (parte inferior, do lado direito) chama atenção para o volume. Quanto mais próximo ou acima da média (linha verde), tende a dar mais força ao movimento de alta das cotações." | | | |
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