Nesta semana, o destaque na newsletter A Companhia é para a Braskem, escolhida por Matheus Jaconeli e Bruna Sene, analistas da Nova Futura Investimentos.

A empresa é uma das maiores produtoras globais de petroquímicos, com capacidade anual de produção de 10,7 milhões de toneladas de químicos e 9,3 milhões de toneladas de resinas termoplásticas, conforme dados consolidados de 2021.

Após figurar na vice-liderança entre as maiores altas do Índice Bovespa (Ibovespa) em 2021, com ganho de 176,3%, as ações preferenciais classe A (PNAs) da Braskem (BRKM5) acumulam perda de 33% neste ano, até o dia 23 de junho, segundo a plataforma de informações financeiras Economatica.

Saiba mais sobre a Braskem

Fundada em 2002, a Braskem é a sexta maior petroquímica do mundo na produção de resinas termoplásticas e líder nas Américas, com clientes em mais de 71 países, segundo seu relatório integrado de 2021.

A companhia é ainda líder de mercado e pioneira na produção de biopolímeros (plástico feito de matéria-prima renovável) em escala industrial.

Os plásticos e os itens químicos produzidos pela Braskem são usados na fabricação de uma série de produtos, que incluem embalagens de alimentos, móveis, componentes industriais e automotivos, tintas e revestimentos.

Jaconeli destaca que a Braskem apresentou um avanço considerável no lucro líquido do primeiro trimestre deste ano. O ganho foi de R$ 3,9 bilhões, com alta de 56% em relação a igual período de 2021.

"Tal resultado contribui para as margens de lucro da companhia, indicador importante em momentos de crise, fazendo com que chegasse a 15%", afirma o especialista.

Pontos a favor

• Forte diversificação geográfica, com as fontes de receita distribuídas entre Brasil (52,9%), Estados Unidos (22,9%), México (5,2%), Argentina (2%), Alemanha (1,8%) e outros países (15,2%);
• Interesse de grandes fundos internacionais e companhias como Ultrapar e Votorantim, que podem vir a adquirir as participações da Novonor e da Petrobras na Braskem. Segundo a corretora Nova Futura, é um tema que está no radar do mercado e tende a ser positivo para a empresa;
• Baixa alavancagem, com o indicador dívida líquida/Ebitda (endividamento total, menos caixa, dividido pela geração operacional de recursos) situando-se em 1 vez no primeiro trimestre, além de índices de rentabilidade elevados.

Pontos contra

• Redução de caixa devido aos custos com provisões ligadas a um evento geológico com afundamento de solo ocorrido em Alagoas, para compensação de moradores e reparação socioambiental.
• Possibilidade de aumento dos custos em razão dos preços elevados do petróleo - sobretudo enquanto durar a guerra entre Rússia e Ucrânia -, o que pode reduzir as margens de ganho dos petroquímicos e trazer efeitos negativos na geração operacional de caixa medida pelo Ebitda;
• Situação econômica internacional, que reúne um cenário de recessão global com inflação em alta, pode afetar a companhia, principalmente pelo peso dos Estados Unidos nos negócios.

Segundo os analistas da Nova Futura, os papéis da Braskem (BRKM5) estão bastante descontados. A avaliação é feita com base nos seguintes indicadores:

Preço/lucro: as ações são negociadas atualmente a um P/L de 1,92 vez, contra uma média de mercado de 5,57 vezes, levando em conta seus pares internacionais. O índice mostra a relação entre o preço do papel em Bolsa e o lucro da companhia. Quanto maior, mais cara está a ação.

EV/Ebitda: está em 2,17 vezes - também bastante descontado no comparativo com a média de seus pares globais, de 5,04 vezes. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa.

Preço/valor patrimonial: os papéis da empresa têm sido negociados a 2,55 vezes seu valor patrimonial, ante média de 1,58 vez de seus concorrentes. O indicador levemente alto deve-se ao fato de a companhia estar "à venda" e também por conta da forte queda do valor de mercado entre o fim do ano passado e março de 2022, explicam os especialistas.

O P/VPA é obtido a partir da divisão do preço do papel pelo seu valor patrimonial e indica o quanto o investidor está disposto a pagar pelo patrimônio líquido da companhia.

A corretora recomenda os papéis da Braskem para investidores de longo prazo que buscam companhias sólidas e também estão de olho em ganhos com dividendos.

Pelos cálculos da Nova Futura, o retorno com proventos da Braskem está em aproximadamente 25% em 12 meses.

"Todavia, isso não significa que está destinada a um investidor conservador", pondera Jaconeli. "Como vimos nos pontos negativos, a companhia possui riscos e, com isso, acaba sendo uma ação para quem possui perfil moderado."

Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?

O analista afirma que, no médio prazo, as variações no preço do petróleo e possíveis indenizações ligadas ao evento geológico ocorrido em Alagoas podem trazer volatilidade às ações da companhia.

Tudo isso, lembra Jaconeli, apesar das perspectivas de produção interna e da possiblidade de aquisição da companhia, com alguns competidores se posicionando para tal finalidade.

"No longo prazo, porém, a Braskem tende a apresentar uma boa performance, à medida que a economia global se recuperar, por conta dos bons fundamentos da companhia."

De acordo com Bruna Sene, analista da Nova Futura, as ações da Braskem (BRKM5) apresentam tendência de baixa no curto prazo.

Ela lembra que, neste mês, os papéis acabaram caindo abaixo de R$ 39, um patamar de suporte considerado importante. No dia 23 de junho, a cotação fechou em R$ 37.

"Por ora, não há sinais de retomada da tendência de alta para a ação", diz a especialista.

Segundo ela, em um eventual movimento de continuidade da queda, os gráficos indicam que o recuo pode chegar ao nível de R$ 33,40.

Bruna afirma ainda que, para uma eventual valorização, os papéis precisarão superar inicialmente o patamar de R$ 39 e, na sequência, de R$ 47,10.

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