| | Dado Galdieri/Bloomberg |
| | | | Ação da produtora de carne Minerva sobe 29% no ano; é boa de investir? | | O destaque da semana na newsletter A Companhia é a Minerva Foods, selecionada por Sérgio Berruezo, analista de research da Ativa Investimentos.
A empresa é uma das líderes na América do Sul na produção e comercialização de carne in natura, processamento de carne bovina e exportação de gado vivo. Além disso, exporta para mais de cem países, em cinco continentes. No primeiro trimestre de 2022, a companhia apurou um lucro líquido de R$ 114,6 milhões, com queda de 55,8% na comparação anual, em razão dos efeitos negativos do hedge (proteção) cambial. Operacionalmente, no entanto, a geração de caixa (Ebitda) atingiu patamar recorde para o período, totalizando R$ 646 milhões, volume 33% maior em base anual. Após alta de 15,6% em 2021, as ações da Minerva (BEEF3) acumulam valorização de 28,5% no primeiro semestre deste ano, segundo a plataforma de informações financeiras Economatica. Saiba mais sobre a Minerva A Minerva é a maior exportadora de carne bovina da América do Sul, com 20% de participação de mercado. Cerca de 70% da receita buta consolidada da companhia é proveniente do mercado externo e 30% do Brasil. A maior parte do faturamento vem de exportações para mercados emergentes, sendo a Ásia o destino de 57% das vendas da divisão brasileira e 38% da subsidiária Athena Foods, com destaque para o mercado chinês. O grupo opera 27 unidades de abate de bovinos, sendo dez lno Brasil, cinco na Argentina, cinco no Paraguai, três no Uruguai, duas na Colômbia e duas na Austrália. PUBLICIDADE | | | Por que as ações da Minerva são uma oportunidade para investir? | Segundo Berruezo, os papéis dão acesso ao mercado de exportação de carne bovina, dolarizado e pouco relacionado à economia brasileira. Ao mesmo tempo, permitem aproveitar movimentos ligados ao consumo interno, que representa uma fatia importante das receitas da companhia. Ele lembra que, recentemente, houve a abertura de mercados interessantes para a Minerva, como o da Indonésia para o Brasil, o dos EUA para produtos argentinos e o do Japão para o Uruguai. "Além disso, o Brexit [saída do Reino Unidos da União Europeia] pode facilitar a entrada de carne bovina dos países do Mercosul na ilha britânica", afirma. O especialista destaca ainda que a alta recente do dólar e o bom desempenho da Athena Foods impulsionaram a geração de caixa da empresa, permitindo uma distribuição expressiva de dividendos. Pontos a favor - A exposição ao dólar, vendendo para diferentes mercados mundo afora, tem mantido as margens de lucro da companhia em níveis estáveis e acima de pares do setor;
- Caso a moeda americana se mantenha em patamares elevados em relação ao real, a companhia pode seguir distribuindo bons dividendos ou alocar capital em alguma aquisição estratégica;
- Algumas estatísticas, como os números de vacinação de bezerros e retenção de fêmeas no Brasil, indicam a possibilidade de um cenário mais favorável de oferta para os frigoríficos brasileiros a partir do quarto trimestre deste ano ou início de 2023, o que pode elevar a margem de lucro da Minerva;
- Os EUA podem apresentar movimento inverso a partir do mesmo período, com restrição de oferta, devido ao alto número de abates, o que pode aumentar as importações americanas de carne bovina, beneficiando a Minerva.
Pontos contra - Devido à natureza cíclica, o negócio da Minerva está exposto a variáveis que fogem ao controle da companhia, como o preço da arroba bovina e a cotação do dólar. Como é forte exportadora, um câmbio desfavorável pode vir a afetar negativamente as ações;
- A receita da empresa é muito atrelada à demanda chinesa. Com isso, existem riscos, ligados a fatores regulatórios daquele país, que podem afetar as importações de carne bovina;
- No mercado local, uma maior dificuldade de recuperação do PIB ou eventual piora da crise pandêmica podem manter a demanda por carne bovina em patamares reduzidos - por conta da queda na renda da população -, o que pressiona as margens e os volumes vendidos nesse segmento;
- Por meio da Athena Foods, a companhia tem presença relevante de produção em países da América do Sul, ficando, portanto, exposta aos riscos políticos, regulatórios e macroeconômicos da região.
| | | iStock |
| | | | A ação está barata ou cara? | Berruezo afirma que os papéis da Minerva (BEEF3) subiram bastante recentemente e, por isso, já não estão mais tão baratos. Ainda assim, a Ativa mantém a recomendação de compra para a companhia, com base nos seguintes indicadores: Preço-alvo: a corretora projeta um valor de R$ 13,70 para a ação neste ano, cálculo que pode vir a ser revisado em breve, dependendo das condições de mercado e da própria empresa. Como o papel fechou cotado a R$ 13,27 no dia 30 de junho, a interpretação é de que existe um pequeno potencial de valorização, de 3,2%. A estimativa indica o valor que o analista considera que a ação vai atingir em determinado tempo. É o principal referencial usado para determinar a recomendação para uma companhia, que pode ser de compra, venda ou neutra (nem comprar, nem vender). EV/Ebitda: está em 5,5 vezes, abaixo da média dos últimos cinco anos, de 6,5 vezes, conforme dados da Economatica. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa. Dividend yield: o retorno das ações da Minerva, via dividendos, gira atualmente ao redor de 5,4%, frente à média de 3% dos últimos cinco anos - também com base em informações da Economatica. O indicador representa quanto do rendimento do papel, em determinado período, pode ser atribuído à distribuição de lucros. Quanto maior, melhor. | Para quem é indicada esta ação? | A Ativa recomenda o papel para quem deseja exposição aos movimentos cíclicos globais em uma empresa com grande parte da receita em dólar e desempenho menos atrelado ao mercado brasileiro. "O investidor de Minerva, no entanto, deve estar preparado para fortes oscilações de mercado, que são características de empresas de commodities, devido à significativa volatilidade dos preços desses produtos e do câmbio", pondera Berruezo. Quais são as perspectivas no médio e longo prazo? O analista afirma que o horizonte de médio prazo é positivo para a Minerva. Segundo ele, os números de vacinação de bezerros e retenção de fêmeas indicam possível reversão do ciclo bovino no Brasil - o que seria favorável para os frigoríficos locais. Tal movimento, aliado ao crescimento da importação de carne bovina pelos EUA, deve contribuir para o desempenho da empresa, diz Berruezo. "No longo prazo, a tese da companhia se relaciona com o aumento da classe média na Ásia, sobretudo na China, e a consequente elevação do consumo de carne bovina nessas regiões", destaca o especialista. "Entretanto, devido à natureza cíclica da companhia, devemos esperar muitos altos e baixos durante esse caminho." | | | Divulgação/Ativa Investimentos |
| | | | Análise gráfica | Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa, diz que as ações da Minerva (BEEF3) apresentam atualmente uma tendência forte de alta, revelada pelos comportamentos vistos nos gráficos diários e semanais. De acordo com ele, o papel tem se aproximado das cotações máximas verificadas em 2019 - no patamar de R$ 15,73 -, uma região de preço que foi testada em 2020 e conseguiu se sustentar. O especialista afirma que, se o valor em Bolsa superar a faixa de R$ 15,73 por ação, haverá espaço para novos ganhos, primeiro até a casa de R$ 17,95 e, posteriormente, para a máxima histórica de R$ 20,70. ********** NA NEWSLETTER UOL INVESTIMENTOS A newsletter UOL Investimentos mostra que as aplicações em empresas no exterior, por meio de BDRs, não vão bem neste ano. Os BDRs permitem investir indiretamente em companhias estrangeiras. O índice do setor, o BDRX, acumula queda de 26% no semestre, até 28 de junho. O que fazer diante disso? Veja na newsletter. Para se cadastrar e receber a newsletter semanal, clique aqui. | |