O destaque da semana na newsletter A Companhia fica para a MRV&Co, escolhida pelo time de Research do PagBank.

O grupo, que abrange a construtora MRV e outras quatro empresas, divulgou recentemente um lucro líquido atribuído aos acionistas controladores de R$ 215 milhões (ajustado) relativo ao segundo trimestre deste ano.

O resultado, que aumentou 6% no comparativo anual, não considera efeitos extraordinários no balanço.

Os analistas da casa lembram que a companhia sempre focou seus lançamentos no programa habitacional Minha Casa Minha Vida (atual Casa Verde Amarela), mas revisou sua estratégia operacional a partir de 2019 e começou a diversificar seus produtos, principalmente com a entrada no mercado norte-americano, por meio da subsidiária Resia (antiga AHS).

Isso diminuiu a dependência dos programas habitacionais e tem permitido margens de lucro melhores para a MRV.

"Com uma estratégia acertada, boa capacidade de execução e números crescentes, a empresa possui todos os insumos necessários para sair vencedora desse cenário desafiador, pronta para aproveitar momentos mais favoráveis conforme eles forem se desenhando", dizem os especialistas.

Após queda de 34% em 2021, as ações da MRV (MRVE3) acumulam desvalorização de 11,3% neste ano, até 12 de agosto.

Saiba mais sobre a MRV&Co

Trata-se da maior construtora residencial da América Latina, com mais de 500 mil unidades vendidas, líder no país no segmento de imóveis para a classe média e média baixa.

O grupo tem 42 anos de história e está presente em mais de 160 cidades brasileiras, de 22 estados, incluindo o Distrito Federal, além de 20 cidades nos Estados Unidos.

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A equipe de análise do PagBank ressalta que a MRV apresentou números importantes no segundo trimestre, como uma forte recuperação na margem bruta de novas vendas da operação brasileira, dada sua capacidade de aumentar os preços dos imóveis acima da inflação.

Com isso, tal indicador subiu de 19%, em dezembro de 2021, para 25% nas novas vendas realizadas em junho deste ano.

"A companhia estima que a margem bruta em novas vendas deve atingir patamares acima de 30% na operação brasileira já no primeiro semestre de 2023, o que entendemos como factível, principalmente dadas as alterações aprovadas pelo governo em julho deste ano no programa Casa Verde Amarela, o que beneficiará as empresas voltadas para esse segmento", comenta a corretora.

Outro ponto positivo do balanço foi o recorde de vendas em um trimestre para a Resia, braço de atuação americana do grupo, que totalizou R$ 1,02 bilhão entre abril e junho.

"Nesse intervalo, a margem bruta combinada ficou em 37%, demonstrando que foi acertada a estratégia de expansão para o mercado dos EUA em busca de negócios mais lucrativos."

Pontos a favor

• Expansão para o mercado americano, que possui margens de lucro melhores;
• Diversificação de receita;
• Potencial de repasse de custos nos preços dos imóveis construídos.

Pontos contra

• Taxas de juros elevadas;
• Inflação ainda alta no país;
• Risco de execução dos lançamentos da empresa.

Segundo os analistas do PagBank, o papel da MRV (MRVE3) pode ser uma boa oportunidade de compra, pois está relativamente barato. A avaliação tem como base os seguintes indicadores:

Preço-alvo: a instituição projeta um valor de R$ 16,80 para a ação da companhia até o fim do ano. Como o papel fechou cotado a R$ 10,38 no dia 12 de agosto, a interpretação é de que existe um potencial de valorização, de 62%.

O cálculo indica o valor que o analista considera que a ação vai atingir em determinado tempo. É o principal referencial usado para determinar a recomendação para uma companhia, que pode ser de compra, venda ou neutra (nem comprar, nem vender).

Preço/lucro: as ações da empresa são negociadas atualmente a um P/L de 6,58 vezes, um dos menores de sua história e abaixo da média dos últimos três anos, de 10,79 vezes.

O índice mostra a relação entre o preço do papel em Bolsa e o lucro da companhia. Quanto maior, mais cara está a ação.

EV/Ebitda: está em 8,27 vezes, também abaixo da média dos últimos três anos, de 12,64 vezes. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa.

Margem líquida (ajustada): a MRV apresentou uma margem líquida ajustada de 13,4% no balanço do segundo trimestre deste ano -acima da média dos últimos seis trimestres, que foi de 11,01%.

O cálculo representa a porcentagem do lucro líquido em relação à receita total da companhia.

O PagBank recomenda as ações da MRV para investidores com visão de longo prazo, já que a empresa tem como foco o crescimento de maneira orgânica, ou seja, por meio de ganhos de participação de mercado e ampliação dos negócios.

Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?

A corretora afirma que a companhia mostrou ótima capacidade operacional em um cenário desafiador, entregando bons lançamentos e mantendo margens de lucro atrativas.

"Conforme a inflação for arrefecendo e a taxa de juros for retornando para patamares menos elevados, a MRV seguirá se beneficiando de um mercado imobiliário mais aquecido e com menores pressões de custos", dizem os analistas.

Segundo eles, além da melhora macroeconômica, que deve impactar positivamente todo o setor, a empresa também deve se beneficiar da execução de projetos próprios. Essa lista inclui o aumento da exposição ao mercado americano e o desenvolvimento da Luggo, empresa focada em empreendimentos para locação, e da Urba, especializada em loteamentos e condomínios residenciais.

"Com isso, no médio e longo prazo, a MRV deve seguir apresentando recuperação nas margens, maior diversificação de receita -ficando menos dependente do programa Casa Verde Amarela (CVA) - e melhora nos resultados, conforme as sinergias das alterações do CVA foram sendo capturadas ao longo dos próximos trimestres."

Os especialistas do PagBank destacam que, após recuarem para a região de R$ 7,80 em meados deste ano, as ações da MRV (MRVE3) ganharam impulso, com a entrada de uma força compradora.

Atualmente, os papéis são negociados acima da média mais curta do gráfico, o que sugere uma possível continuidade no movimento de alta, para testar o preço de R$ 12,80, afirma a instituição.

Caso atinja esse patamar, existiriam dois caminhos: manter a tendência de valorização, buscando a faixa de R$ 14,27, ou atrair um fluxo vendedor, provocando a queda nas cotações.

Os analistas comentam que, mesmo com indicações positivas no momento, o investidor deve ficar atento para eventuais perdas. Se isso acontecer, a equipe do PagBank acredita que os preços podem recuar inicialmente para R$ 10,67, atingindo depois R$ 8,80 -patamar, que, se for perdido, indica tendência de buscar o nível de R$ 7,80 já alcançado em 2022.

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