O destaque da semana na newsletter A Companhia é a Rumo, que atua em transporte ferroviário, operação portuária e armazenagem, escolhida pelo analista Bruno Marin, do PagBank.

Ele ressalta que, após resultados aquém do esperado nos dois primeiros trimestres do ano, a empresa divulgou um lucro líquido de R$ 309 milhões relativo ao período de julho a setembro - volume seis vezes maior no comparativo com igual intervalo de 2021.

A geração operacional de caixa medida pelo Ebitda também apresentou evolução expressiva, de 58% no trimestre, totalizando R$ 1,4 bilhão.

Neste ano, as ações da Rumo (RAIL3) acumulam alta de 9,7%, até 30 de novembro, segundo informações do TradeMap, hub independente do mercado financeiro. Em 2021, o desempenho ficou negativo em 7,7%.

Saiba mais sobre a Rumo

Trata-se da maior operadora ferroviária do país, nascida da fusão entre a Rumo Logística e a ALL (América Latina Logística), concluída em 2016.

O grupo está presente em oito estados, atuando em portos e terminais, o que engloba os três principais corredores de exportação brasileiros.

A companhia é o braço de logística da Cosan e seu foco principal é o agronegócio, com o transporte de grãos representando a maior parte das operações.

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Marin observa que as operações da companhia vêm apresentando melhoras significativas, com destaque para a receita líquida, que atingiu R$ 2,9 bilhões no terceiro trimestre, com alta de 50% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Houve também um incremento na margem bruta de lucro, de 8,7 pontos percentuais no intervalo, alcançando 38% ao fim de setembro.

"Outros pontos de destaque estão na melhoria das tarifas de grãos cobradas pela Rumo, que estavam abaixo do que observamos historicamente, e no ramp-up [aceleração] do projeto Lucas do Rio Verde, que deverá seguir impactando positivamente os resultados da companhia nos próximos trimestres", diz o especialista.

O projeto no Mato Grosso visa conectar, de modo independente, o terminal rodoferroviário de Rondonópolis a Cuiabá e a Lucas do Rio Verde.

Ele destaca ainda que a empresa tem um potencial de aumento tarifário de aproximadamente 28% na malha de Rondonópolis até atingir o limite de competitividade, e de mais de 100% no projeto de Lucas do Rio Verde, após a execução total do projeto de extensão.

Pontos a favor

• Companhia é líder de mercado e possui vantagens competitivas;
• Exposição ao crescimento do agronegócio;
• Barreiras de entrada para novos concorrentes são elevadas.

Pontos contra

• Risco de desaceleração econômica, tanto no mercado interno quanto no exterior;
• Setor demanda volume expressivo de capital;
• Risco de quebra nas safras de milho e soja.

Marin afirma que os papéis da Rumo (RAIL3) podem ser uma boa oportunidade de compra, pois estão relativamente baratos.

A avaliação considera os seguintes indicadores:

Preço-alvo: a instituição projeta um valor de R$ 25,50 para a ação da companhia, em um horizonte de 12 meses. Como o papel fechou cotado a R$ 19,46 no dia 30 de novembro, a interpretação é de que existe um potencial de valorização de 31%.

O cálculo indica o valor que o analista considera que a ação vai atingir em determinado período. É um importante referencial, mas não o único, usado para orientar a recomendação para o papel, que pode ser de compra, venda ou neutra (nem comprar, nem vender).

EV/Ebitda: está em 11,18 vezes, abaixo da média dos últimos três anos, de 12,71 vezes. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa. Quanto menor, melhor.

Margem líquida: a Rumo apresentou uma margem líquida de 10,48% no balanço do terceiro trimestre, bem acima da média dos últimos três anos, de 5,10% - o que demonstra sua recuperação operacional.

O cálculo representa a porcentagem do lucro líquido em relação à receita total da companhia. Quanto maior, melhor.

Marin recomenda os papéis da Rumo para investidores com visão de longo prazo, uma vez que a empresa tem como foco o crescimento orgânico, ou seja, gerado pela expansão dos negócios ou ganho de participação de mercado.

Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?

O analista acredita que as ações podem apresentar bom desempenho nos próximos trimestres, à medida que as melhorias operacionais se refletirem nos números da companhia, principalmente em relação ao projeto de Lucas do Rio Verde - o que já se observou na última divulgação de resultados.

"Outro fator positivo para a tese de investimento é a recuperação das margens de lucro", afirma Marin.

Ele chama atenção, porém, para as despesas financeiras, impactadas negativamente pelos juros elevados - que devem se manter assim por algum tempo.

"Apesar disso, acreditamos que o incremento na receita e nas margens da companhia devem ser suficientes para compensar a despesa."

Rodrigo Paz, analista do PagBank, avalia que as ações da Rumo (RAIL3) estão em tendência de alta, segundo o comportamento visto no gráfico mensal.

De acordo com ele, o cenário atual sugere possível continuidade desse movimento, porém é necessário que os papéis rompam a última cotação máxima atingida, de R$ 22,34.

Se isso acontecer, a próxima área de resistência (mais difícil de ser ultrapassada) seria em R$ 26,86, nível que, se for alcançado, pode fazer investidores venderem ações. Caso os preços superem esse patamar, no entanto, a tendência é de que busquem a faixa de R$ 30,82.

Mesmo com o atual impulso positivo, Paz alerta que é preciso ficar atento a eventuais quedas. Por essa hipótese, é possível que o papel teste inicialmente os valores de R$ 18,55 e R$ 18,26 e, se a desvalorização persistir, tende a buscar a região de R$ 15.

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