O destaque da semana na newsletter A Companhia é a Hapvida, operadora de planos de saúde e odontológicos, selecionada por Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos.

Segundo ele, houve uma piora recente na conjuntura do setor, o que acabou afetando os papéis da empresa, mas seus fundamentos seguem positivos.

"A queda [das ações] foi excessiva, apresentando oportunidades para um investimento visando o longo prazo", diz o especialista.

Em 2022, os papéis da Hapvida (HAPV3) acumularam perda de 51%, conforme informações do TradeMap, hub independente do mercado financeiro. Em 2021, a variação foi negativa em 31,7%.

A companhia obteve lucro líquido de R$ 35,2 milhões no terceiro trimestre de 2022, com queda de 19,5% em relação a igual período de 2021.

Saiba mais sobre a Hapvida

Trata-se do maior grupo de saúde suplementar do país e um dos maiores do mundo em serviço verticalizado.

Fundada em 1979, inicialmente como uma clínica, a Hapvida tem como foco principal a venda de planos de saúde e odontológicos. Nos atendimentos médicos, a maior parte é feita em unidades próprias. No caso de dentistas, é por meio de rede credenciada.

Ao fim de setembro de 2022, a empresa contabilizava quase 16 milhões de beneficiários e 767 mil unidades próprias, incluindo hospitais, centros de pronto atendimento, clínicas e laboratórios.

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Serra comenta que o mercado de planos saúde no país é bastante fragmentado e com baixo alcance. Para se ter uma ideia, apenas 22,5% da população brasileira possui algum tipo de convênio médico, enquanto em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, essa fatia passa de 90%.

Com rede exclusiva de atendimento, a Hapvida opera em um modelo de negócio verticalizado, participando de toda a cadeia do setor, o que lhe permite prestar assistência médica e odontológica com baixo custo, afirma o analista.

"Isso reduz significativamente sua sinistralidade [índice que mostra a relação entre as despesas assistenciais e as receitas], sendo uma das menores do mercado."

Pontos a favor

• Fusão com a Notre Dame Intermédica permite expandir a oferta de serviços e promover a venda cruzada de planos de saúde corporativos;
• Grupo tem potencial de elevar sinergias e reduzir custos;
• Maior expectativa de vida no Brasil, em conjunto com envelhecimento da população, tende a elevar a demanda por saúde.

Pontos contra

• Aumento do custo assistencial, derivado da frequência maior de utilização dos serviços de saúde após a pandemia;
• Índice de sinistralidade no setor tem crescido bastante, superando a média histórica;
• Alta dependência do cenário macroeconômico, cuja deterioração pode afetar o ritmo de acréscimo de clientes.

A Ativa Investimentos tem recomendação de compra para os papéis da Hapvida (HAPV3).

"Na nossa visão, a ação está barata, por entendermos que seu modelo verticalizado é ganhador no longo prazo e seus diferenciais competitivos não foram alterados", diz Serra.

A avaliação tem como base também o seguinte indicador:

EV/Ebitda: a corretora projeta um resultado de 10,3 vezes, considerando os próximos 24 meses. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa. Quanto menor, melhor.

O analista recomenda a Hapvida para investidores com visão de longo prazo e perfil de risco preparado para a alta volatilidade dos papéis.

"É preciso ter paciência para ver o modelo de negócio da companhia gerando valor com o passar dos anos", diz Serra.

Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?

O especialista acredita que, no médio prazo, a perspectiva é de que a sinistralidade da companhia se normalize e haja ganhos de eficiência com a captura de sinergias, algo esperado até 2025.

"No longo prazo, a perspectiva é de aumento de share [participação de mercado] em um setor que só tem a evoluir em quantidade de beneficiários, dadas as perspectivas demográficas do Brasil."

As ações da Hapvida (HAPV3) vem apresentando fortes baixas desde o pico do movimento de alta, que se iniciou em junho de 2022.

Segundo Jorge Bittar, analista de renda variável da Ativa, essa tendência negativa foi motivada principalmente por preocupações dos investidores quanto à queda no lucro do terceiro trimestre de 2022 - de 19,5% no comparativo com igual intervalo de 2021.

Em um horizonte de longo prazo, o papel já se encontra descontado em mais de 70%, levando em conta a cotação máxima vista em janeiro de 2021, quando se iniciou a tendência de baixa mais prolongada, comenta o especialista.

"Pode ser uma oportunidade de compra para quem pretende manter o papel em carteira com foco em prazos mais longos, mas o cenário ideal seria a confirmação de reversão da tendência negativa para uma entrada com maior certeza."

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