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| | | | Ações da Energisa são alternativa para momentos de alta volatidade | | O destaque da semana na newsletter A Companhia é a Energisa, escolhida por Ricardo Faria França, analista da Ágora Investimentos. "Optamos por Energisa por se tratar de uma das principais empresas do setor elétrico, que possui características mais resilientes, sobretudo em momentos de maior volatilidade no mercado de ações", afirma o especialista. Ele lembra que, nesse segmento, os contratos têm como característica prazos mais longos e valores indexados à inflação, o que é positivo do ponto de vista de proteção do fluxo de caixa. França pondera, no entanto, que o negócio de distribuição é o mais sensível do setor em relação ao cenário econômico. Dessa maneira, fatores como demanda, custos e desempenho operacional podem afetar diretamente os resultados da companhia. "Em momentos de dificuldade macroeconômica, este segmento pode lidar com piora em indicadores como inadimplência, ou até mesmo aumento nas perdas não técnicas, o chamado furto da energia", diz o analista. A Energisa obteve lucro líquido de R$ 475 milhões no terceiro trimestre de 2022, resultado 45% menor no comparativo com igual período do ano anterior. O balanço do quarto trimestre será divulgado em 16 de março, conforme cronograma da empresa. Após alta de 7,5% em 2022, as units (cesta de ações) da companhia (ENGI11) registravam perda de quase 5% neste início de ano, até o dia 19, segundo informações do TradeMap, hub independente do mercado financeiro. Saiba mais sobre a Energisa A Energisa, que completará 118 anos em fevereiro de 2023, teve início com a Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina (CFLCL), antiga holding das empresas do grupo - que atua nas áreas de distribuição, geração, serviços e comercialização de energia elétrica. O segmento de distribuição, no entanto, é sua principal base de negócio. Trata-se do quinto maior grupo distribuidor de energia do país, atendendo aproximadamente 8,2 milhões de consumidores, em 11 estados. Sua área de concessão atinge 2.034 mil quilômetros quadrados, equivalentes a 24% do território nacional. PUBLICIDADE | | | Por que as ações da Energisa são uma oportunidade para investir? | França destaca que o setor de utilidades públicas é um dos mais resilientes da economia, em função da maior previsibilidade de receitas, contratos de longo prazo e com reajustes por índices de inflação (nos segmentos de transmissão e distribuição de energia e de distribuição de gás). "Tais características são oportunas, especialmente em momentos de maior volatilidade causada pelo cenário macroeconômico." Ele ressalta ainda que o Brasil possui uma matriz de geração de energia elétrica com grande exposição as fontes hidrelétricas. Com isso, a recuperação dos níveis dos reservatórios deve permitir a manutenção dos preços em patamares mais baixos, o que é positivo para a manutenção dos indicadores de perdas e inadimplência. Quanto aos riscos, o analista observa que um ponto chave é o ambiente regulatório, uma vez que o setor é totalmente regulado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e possui uma série de métricas e metas que precisam ser atendidas. Pontos a favor - Recuperação do consumo com a volta das atividades ao nível "normal", após o pior momento da pandemia;
- Previsibilidade nos resultados e proteção contra a alta da inflação;
- Solidez financeira da empresa, com um índice de dívida líquida/Ebitda (endividamento total, menos caixa, dividido pela geração operacional de recursos) de 2,8 vezes em setembro de 2022 - o que lhe dá conforto para implementar os planos de investimento nos próximos anos.
Pontos contra - Eventuais mudanças regulatórias podem trazer prejuízos à companhia ou reduzir a previsibilidade dos resultados, influenciando a percepção de risco dos investidores;
- Em caso de piora nas condições econômicas nas áreas de concessão da empresa, é possível que haja um aumento da inadimplência e menor demanda por energia, impactando os resultados das distribuidoras do grupo.
| A ação está barata ou cara? | "Temos uma visão positiva sobre a Energisa, especialmente para investidores que buscam retornos a prazos mais longos", diz França. Segundo ele, a Ágora tem recomendação de compra para as units do grupo (ENGI11), por conta do alto padrão de governança corporativa e da avaliação atraente sobre a empresa. A análise está baseada nos seguintes indicadores: Preço-alvo: a instituição projeta um valor de R$ 59 para a ação da companhia, em um horizonte de 12 meses. Como o papel fechou cotado a R$ 42,12 em 19 de janeiro, a interpretação é de que existe um potencial de valorização, de 40%. O cálculo indica o valor que o analista considera que a ação vai atingir em determinado período. É um importante referencial - mas não o único - usado para orientar a recomendação para o papel, que pode ser de compra, venda ou neutra (nem comprar, nem vender). Preço/lucro: os papéis têm sido negociados a um P/L de 12,9 vezes para 2023. O índice mostra a relação entre o preço em Bolsa e o lucro da companhia. Quanto maior, mais cara está a ação. EV/Ebitda: está em 6,6 vezes no cálculo atual para este ano. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa. Quanto menor, melhor. "Além do potencial de alta de acordo com o preço-alvo, os papéis da Energisa são uma boa alternativa para investidores que buscam proventos, considerando uma estimativa de retorno próximo de 5% com dividendos para 2023." Ricardo Faria França, analista da Ágora Investimentos | Para quem é indicada esta ação? | O analista recomenda os papéis para investidores com foco em horizontes mais longos e que busquem exposição ao setor elétrico por meio de uma companhia com ampla diversificação geográfica. Ele lembra que a empresa possui atualmente 11 concessões, nos seguintes estados: Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Acre e Rondônia. Quais são as perspectivas no médio e longo prazo? França afirma que as expectativas são positivas para a Energisa no longo prazo. Ele chama atenção para as incursões da empresa no segmento de geração distribuída (GD), no qual pretende acelerar os negócios via projetos novos (chamados de greenfield) e fusões e aquisições. No primeiro caso, as taxas internas de retorno variam de 25% a 30% e, no segundo, de 15% a 20%, diz o especialista. "Nesse nicho [GD], ganhar escala é mais difícil, mas, ao mesmo tempo, muitos novos investidores devem surgir, por conta dos retornos atraentes." Segundo ele, outra área de crescimento que pode surgir no radar da companhia são os próximos leilões de transmissão de novos projetos, entre 2023 e 2025. | | | Reprodução |
| | | | Análise gráfica | Nos últimos dois meses, as units da Energisa (ENGI11) mantiveram uma figura gráfica conhecida como "triângulo ascendente", o que reforça o interesse dos investidores pelo papel. A avaliação é de Henrique Procopio Colla, analista da Ágora. Segundo ele, o comportamento das ações revela um "suporte" (nível máximo estimado para uma eventual queda) em R$ 41,20, o que pode ser entendido pelo mercado como uma oportunidade de compra - abrindo caminho para novos ganhos e fazendo com que a cotação busque o patamar de "resistência" (mais difícil de ser ultrapassado) mais próximo, situado em R$ 48,38. Ele afirma ainda que uma continuidade na alta pode levar as ações para o nível seguinte de resistência, identificado em R$ 53,14. "Vale ressaltar que a projeção de objetivo [ponto máximo a ser alcançado] dessa formação gráfica está marcada em R$ 67,60." Caso o papel comece a cair, diz o especialista, os investidores devem ficar atentos para uma eventual perda do nível de suporte atual (R$ 41,20), o que "quebraria a estrutura de continuidade e possibilitaria uma interpretação do mercado como oportunidade de venda". Neste caso, ele acredita que a cotação pode recuar, inicialmente, até R$ 36,94. | | | |
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