O destaque da semana na newsletter A Companhia é a 3R Petroleum, escolhida por Victor Bueno, sócio e analista de small caps da Nord Research.

O foco da empresa de óleo e gás são campos maduros (já explorados e com reservas comprovadas), com 78% da produção advinda de áreas terrestres (onshore) e o restante de operações marítimas (offshore).

O especialista ressalta que, após o lançamento inicial de ações realizado no fim de 2020, a companhia adquiriu sete polos e atualmente conta com nove ativos.

"Com as aquisições, a 3R passou a ter uma operação diversificada, tanto do ponto vista geográfico como nos tipos de produção."

Segundo ele, os negócios se deram em meio ao programa de desinvestimento da Petrobras e foram realizados em um "bom timing" - todos antes da guerra entre Rússia e Ucrânia -, quando o preço médio do petróleo Brent estava perto de US$ 56 o barril. Atualmente, a cotação gira em torno de US$ 88 o barril.

No terceiro trimestre de 2022, a 3R Petroleum obteve um lucro líquido recorde de quase R$ 470 milhões, revertendo prejuízo de R$ 14 milhões visto em igual período do ano anterior. Pelo calendário da empresa, o balanço do quarto trimestre será divulgado em 8 de março.

Após alta de 12,5% em 2022, as ações da 3R Petroleum (RRRP3) acumulam valorização de 24% em janeiro, até o dia 26, segundo informações do TradeMap, hub independente do mercado financeiro.

Saiba mais sobre a 3R Petroleum

O nome da companhia, fundada em 2014, é uma alusão aos termos "Redesenvolver, Revitalizar e Repensar", tidos como pilares da estratégia de incremento de produção e reservas em campos maduros.

Segundo a empresa, tal direcionamento integra a meta de se tornar uma grande companhia petrolífera privada e independente, com escala no Brasil e em outros países da América Latina.

O plano de negócios se baseia no aperfeiçoamento do portfólio atual e no crescimento por meio de aquisição de ativos maduros.

Bueno destaca que os polos adquiridos pela 3R têm potencial para elevar a capacidade de produção da petroleira para cerca de 45 mil barris de óleo equivalente por dia. Além disso, após as campanhas de progresso previstas para os próximos anos, a expectativa é de que essa marca supere 100 mil barris diários, até 2025.

"Na prática, considerando a produção atual de 25,3 mil barris diários (dados de dezembro de 2022), estamos falando de uma empresa com um crescimento já contratado de aproximadamente 300%, muito superior ao que se espera dos concorrentes", afirma o especialista.

De acordo com ele, no mesmo intervalo, a evolução estimada para a Prio é de 230%, e para a PetroReconcavo, de 70%.

"Podendo multiplicar sua produção por quatro, a 3R tem uma capacidade muito grande de crescimento dos resultados nos próximos anos. Isso faz a companhia ser uma das favoritas não somente do setor de óleo e gás, mas em toda a Bolsa brasileira."
Victor Bueno, sócio e analista de small caps da Nord Research

Pontos a favor

• Maior crescimento contratado entre todas as petroleiras brasileiras, com aumento previsto de produção ao redor de 300% até 2025;
• Custo atual de extração (lifting cost) competitivo, de US$ 14 por barril de óleo equivalente, o que favorece os resultados;
• Percentual elevado de reservas provadas de petróleo nos polos adquiridos, diluindo bastante o risco exploratório;
• Grande parte de sua operação está no Nordeste, o que permite obter benefícios fiscais da Sudene, reduzindo a carga tributária sobre o lucro.

Pontos contra

• Apesar da expectativa de aumento da produção, os resultados no setor seguem o preço do petróleo, cuja variação não depende da companhia;
• Histórico de execução mais curto em relação a outras empresas do setor, o que pode gerar incertezas no mercado;
• Atualmente, seu único cliente é a Petrobras, risco que só será diluído após a conclusão da compra do polo Potiguar, prevista para o primeiro semestre deste ano.

"Considerando um aumento de produção ao redor de 300% para os próximos anos, acreditamos que a ação da 3R Petroleum (RRRP3) esteja barata e se configura como uma das maiores oportunidades entre as small caps no momento", afirma Bueno.

A análise leva em conta ainda os seguintes indicadores:

Preço-teto: o conceito usado pela Nord representa a cotação limite para compra no curto prazo, explica o analista. No caso da 3R, o valor estimado é de R$ 63. Como o papel fechou cotado a R$ 46,80 em 26 de janeiro, a interpretação é de que de que existe um potencial de alta, de 34,5%.

EV/Ebitda: está em 13 vezes, frente a um patamar de 7 vezes calculado para a Prio e PetroReconcavo. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa. Quanto menor, melhor.

Ainda que o múltiplo da 3R seja superior ao dos concorrentes, a companhia possui a maior visibilidade de crescimento entre as petroleiras menores, diz o especialista.

Segundo ele, considerando o aumento relevante de produção e, consequentemente, de resultados em 2023, o EV/Ebitda projetado para o fim do ano fica em torno de duas vezes. "Isso mostra que o mercado precifica apenas uma parte muito pequena do grande potencial de longo prazo da 3R."

Bueno recomenda os papéis da companhia para investidores mais agressivos, que buscam retornos acima da média e, ao mesmo tempo, não se sintam tão desconfortáveis com uma maior instabilidade no curto prazo.

A avaliação se baseia no grande crescimento de produção já contratado pela empresa —o que representa um potencial maior de valorização das ações—, mas com riscos maiores do que seus principais concorrentes.

Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?

O especialista considera que as perspectivas nesse horizonte são extremamente positivas.

"Após incorporar os sete ativos adquiridos nos últimos anos, a 3R vai continuar focada em aumentar a produção via campanhas de redesenvolvimento e revitalização dos polos para atingir (ou ultrapassar) a marca de 100 mil barris diários."

Além disso, Bueno afirma que, a depender do interesse na venda de ativos por parte de grandes empresas de petróleo, a 3R pode aproveitar a oportunidade e ampliar seu portfólio, escolhendo um novo polo que faça sentido para sua estratégia de longo prazo.

"O mais importante é que, mesmo que uma nova aquisição não ocorra no curto ou médio prazo, a relação entre o crescimento já contratado e o preço atual das ações da empresa já é suficiente para considerarmos uma grande oportunidade no momento."

O comportamento das ações da 3R Petroleum (RRRP3) indica um movimento de realização de lucros no curto prazo, ou seja, venda por parte de investidores que buscam embolsar ganhos com as altas recentes. A avaliação é de Weslley Mesquita, analista da MyCAP Investimentos.

Segundo ele, isso pode motivar a queda dos papéis, com espaço para buscar os preços de R$ 43,76 e R$ 42,40. Este último patamar, se perdido, sugere uma desvalorização ainda mais acentuada, rumo a R$ 39,37 —podendo atingir R$ 38,62, em média, no longo prazo.

"Por enquanto, não indicamos a compra do papel", diz o especialista. Ele pondera, no entanto, que vale monitorar uma eventual retração do movimento em direção aos preços mais baixos que foram citados.

Se isso ocorrer, podem surgir oportunidades de compra, fazendo com que as ações retomem a busca pela região de topo, situada em R$ 51,58.

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