Uma pesquisa internacional do YouGov descobriu que a maioria dos CEOs de grandes empresas em sete grandes economias acreditam que a regulamentação estatal é indispensável para a descarbonização. No Brasil esta crença está acima da média do levantamento: 85% dos entrevistados avaliam que a ação governamental é o componente que falta para que políticas de emissão zero líquidas - os chamados planos net zero - alcancem todos os setores da economia. O estudo foi encomendado ao YouGov pelo Instituto de Liderança em Sustentabilidade da Universidade de Cambridge (CISL) e entrevistou executivos em cargos de nível C (liderança principal da empresa) em mais de 700 companhias no Brasil, Japão, Índia, Reino Unido, EUA, Alemanha e África do Sul. A amostra contemplou 14% dos líderes empresariais de cada país, com 51% das companhias tendo mais de mil funcionários cada. A pesquisa mostra um nível consistente de progresso da comunidade empresarial no desenvolvimento de estratégias net zero em todo o mundo. Entre as empresas brasileiras, 69% têm algum tipo de plano líquido zero em vigor, mais do que a média de todas as empresas pesquisadas. A falta de clareza sobre políticas e regulamentações no país, contudo, figura como o principal entrave à implementação, segundo as conclusões da pesquisa. "Há um consenso emergente vindo dos executivos empresariais de que, para entregar os planos net zero que já estão em vigor, políticas e regulamentações claras sobre net zero não são apenas necessárias: elas são desejadas." Catherina McKenna, presidente do Grupo de Especialistas de Alto Nível da Secretaria-Geral da ONU sobre Compromissos Líquidos de Emissões Zero de Entidades Não-Estatais "Não podemos continuar confiando em compromissos voluntários para cumprir com o ritmo e a escala necessários para o desafio que estamos enfrentando", continua McKenna. No Brasil, não há metas obrigatórias de redução de emissão em nenhum setor da economia - nem nos mais implicados nas emissões de gases de efeito estufa, como a agricultura, a pecuária e a fabricação de cimento. A tentativa de criação de um mercado de carbono no país tem fracassado pelo entendimento de que os esforços das empresas devem ser voluntários. Com isso, não há incentivo econômico concreto para a descarbonização, e a pesquisa mostra que apenas uma minoria dos líderes empresariais do país acredita que a falta de regulamentação é positiva. Para 75% dos entrevistados no Brasil, as políticas e o ambiente regulatório são fundamentais para a implementação de seus próprios planos net zero. E 77% afirmam que investidores e o sistema financeiro também precisam estar sob regulamentação climática para influenciar suas empresas a aumentar suas ambições de descarbonização. Ambos os índices são superiores às médias totais para estas questões. "É ótimo ver empresas em todo o mundo apoiando a regulamentação necessária para transformar as economias globais e os setores nacionais. Estas descobertas apontam para uma situação em que muitas grandes empresas sentem que têm o investimento e plano que as levará ao zero líquido. Agora elas precisam das políticas governamentais corretas." Clare Shine, diretora do CISL "Em um mundo de pressões e crises competitivas, a ação voluntária só pode nos fazer progredir até este ponto em que estamos, com a implementação na escala e no ritmo que precisamos como o passo seguinte a ser tomado", completa Shine. Apesar do engajamento dos empresários brasileiros, a pesquisa faz um alerta em relação ao país: o Brasil está entre os que mais apostam em inovações tecnológicas que ainda não estão disponíveis no mercado para atingir emissões líquidas zero. 85% dependem consideravelmente ou marginalmente destas tecnologias, em comparação com 76% em média entre os países avaliados. PUBLICIDADE | | |