A floresta que abriga a maior árvore da América Latina já é a quinta unidade de conservação mais desmatada da Amazônia brasileira. A Flota (Floresta Estadual) do Paru, localizada no Norte do Pará, é um santuário de árvores gigantes que está muito pressionado pelo avanço do garimpo e pelo roubo de terras públicas, a chamada grilagem. O grande angelim-vermelho (Dinizia excelsa) que existe na Flota do Paru tem de 400 a 600 anos e quase 90 metros de altura, o equivalente a um prédio de 30 andares. Para chegar até ele é necessário percorrer 400 quilômetros pelo rio e mais 40 quilômetros a pé pela mata densa. Mas nem mesmo esse isolamento é capaz de protegê-lo. "São quase 100 terrenos que foram empossados ilegalmente dentro de terras públicas protegidas", afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira dessa unidade de conservação. A Flota do Paru é uma área de 3,6 milhões de hectares e faz parte do maior bloco de áreas protegidas do mundo. Essa floresta estadual é a terceira maior unidade de conservação florestal tropical e de uso sustentável do planeta. Próximo ao angelim-vermelho de 90 metros, há outras árvores de 70 a 80 metros, além de rios, cachoeiras, montanhas e savanas, em uma grande diversidade de paisagens. Ali também são encontradas espécies de animais e plantas endêmicas, isto é, que só existem naquela região. Isso significa que é uma importante área para conter as mudanças climáticas e a crise global de perda de biodiversidade. O desmatamento que avança no território coloca em risco atividades econômicas como o ecoturismo, o manejo florestal e o extrativismo, esse último importantíssimo para a geração de renda dos povos e comunidades tradicionais. Atualmente, cerca de 300 pessoas vivem do uso sustentável da castanha-do-Pará coletada na floresta. A preservação do grande angelim-vermelho e de toda a Flota do Paru depende do governo do Pará, que detém a gestão da área. "As árvores gigantes e a Flota do Paru são um patrimônio dos brasileiros. O governo estadual precisa cancelar de imediato os Cadastros Ambientais Rurais que estão dentro da unidade, fiscalizar e autuar a prática de atividades ilícitas que ocorrem na área de conservação", afirma Pereira. PUBLICIDADE | | |