Grupos de jovens ativistas apresentaram um relatório ao Tribunal Penal Internacional para solicitar uma investigação sobre a petroleira britânica BP. Eles alegam que as ações da companhia contribuíram significativamente para a mudança climática, que os executivos da empresa tinham consciência dos riscos e que "crime contra a humanidade" é a única definição legal precisa para quem agrava o aquecimento global propositalmente. Os autores do pedido de investigação são a SFCSNZ (Students for Climate Solutions), da Nova Zelândia, e a UKYCC (United Kingdom Youth Climate Coalition) do Reino Unido. Embora os jovens ativistas sejam os autores da ação, eles explicam que o pedido foi formulado e revisado por pesquisadores e professores das áreas de Clima e Direito de algumas das principais universidades do mundo. Segundo os jovens, os especialistas ajudaram o grupo a reunir um conjunto amplo de evidências de que as ações da BP têm contribuído para a mudança climática. O pedido de investigação alega que os altos executivos da BP se engajaram em atos deliberados para perseguir seu propósito comum de maximizar os lucros petrolíferos, independentemente do sofrimento humano infligido. "Estamos apresentando provas irrefutáveis de que a BP, como corporação, cometeu um crime contra a humanidade ao causar conscientemente a mudança climática", diz Josh Bloodworth, da UKYCC. "O Tribunal Penal Internacional deve tomar medidas urgentes para investigar estes crimes, estipulando ações apropriadas para compensar as vítimas atuais e futuras." Lauren Craig, co-fundadora da SFCS, declara que é hora de os executivos seniores das grandes empresas petrolíferas enfrentarem responsabilização. "As decisões da alta administração da BP têm contribuído diretamente para o agravamento da mudança climática. Os jovens do mundo inteiro estão sofrendo, e continuarão sofrendo, como resultado das ações tomadas pelas corporações que causam e perpetuam a mudança no clima." "Nossas vidas estão em jogo" afirma Rilke Comer, presidente da SFCS. "Nossa ação demonstra inegavelmente que a BP priorizou o lucro sobre a vida dos jovens em todo o mundo, especialmente aqueles em comunidades que já enfrentam as consequências devastadoras da mudança climática." O Tribunal Penal Internacional tem até dezembro de 2023 para decidir se vai levar o caso adiante para investigação. Além de buscar reparação da BP, os jovens ativistas querem que a tese jurídica deles sirva como modelo para ações similares contra outras empresas de combustíveis fósseis - as maiores causadoras da mudança climática. A ação contra a BP já é inspirada em movimentos semelhantes em diferentes partes do mundo. Em 2015, o produtor Saúl Luciano Lliuya abriu uma ação contra a empresa de energia RWE na corte de Essen, na Alemanha, onde está sediada a empresa. Ele alega que as emissões de gases de efeito estufa da companhia (que chegam a quase 1% das emissões anuais totais do mundo) contribuíram para o colapso ecológico de sua comunidade em Huaraz, no Peru, por meio do derretimento de uma grande geleira. Uma viagem dos juízes da corte para observar pessoalmente os danos foi concretizada este ano, após adiamentos decorrentes da pandemia. Uma decisão favorável a Lliuya pode multiplicar casos de cidadãos comuns contra grandes poluidores. Ações semelhantes contra governos nacionais e subnacionais também estão ganhando volume, inclusive no Brasil. A ação aberta contra o governo federal por "pedaladas" na meta climática e outra contra o governo paulista por descumprir sua própria legislação estadual e incentivar indústrias poluidoras são exemplos que aguardam decisão judicial. |