A Audi oficializou na quarta-feira a negociação com a Sauber, que todo mundo já sabia que estava em andamento. A montadora das quatro argolas entrará na F-1 pela porta da equipe nascida e criada na Suíça, que hoje opera na categoria sob o nome/patrocínio da italiana Alfa Romeo. A ideia da empresa alemã é comprar 75% das ações da Sauber nos próximos anos para estrear para valer em 2026, quando passa a valer o novo regulamento de motores — sustentáveis, com uso de combustíveis renováveis etc. Mas, como sempre, o rei das irrelevâncias aqui tem uma pergunta que, oportunamente, será feita à turma da Audi que está tocando o projeto da F-1: os carros continuarão sendo batizados como C-Alguma-Coisa? "Nossa, colunista, que importância tem isso?", perguntará o leitor mais mal-humorado. A importância, responderei eu, se chama Christiane. Vamos lá. O carro que a Alfa Romeo está usando neste ano atende pelo nome-código de C42. A Alfa, como "inquilina" da Sauber, poderia batizar seus carros como quisesse. Mas numa reverência a Peter Sauber, fundador da equipe, decidiu manter a linha adotada pelo vetusto helvético desde o primeiro carro que construiu, em 1970. Sauber era louco por corridas e começara a carreira, vejam só, disputando provas de subida de montanha com um Fusca. Quando estreou na F-1, em 1993, o carro da Sauber era o C12, porque antes dele o time fizera 11 modelos diferentes em outras categorias. E o que é o C, afinal? C é a primeira letra de Christiane, sua mulher, essa lindona da foto lá no alto. Peter Sauber, em 1970, desistiu de tocar os negócios da família para se meter com automobilismo. A família tinha uma empresa, vejam só, de semáforos de trânsito. Christiane sempre deu a maior força ao marido. Parceira do início ao fim. Então, nada mais justo: todos seus carros só existem por causa de Christiane, e assim serão todos C. Acabou. Espero que alguma boa alma em Ingolstadt se lembre disso quando apresentar o primeiro carro da Audi para a categoria. Que poderá ser alguma coisa parecida com essa imagem aí embaixo, divulgada pela própria montadora à guisa de divulgação. | Simulação da pintura de um Audi na F-1 feita pela própria empresa | Imagem: Divulgação/Audi Sport |
O cronograma agora, para vocês não se perderem: 2023 - Sauber continua disputando o Mundial com o nome Alfa Romeo, já que o contrato da marca italiana com a equipe suíça termina no final da próxima temporada. Os pilotos seguem sendo Valtteri Bottas e Guanyu Zhou. 2024 e 2025 - Sauber seguirá usando os motores Ferrari, que desde 2010 empurram seus carros. Vai disputar o campeonato com seu nome original — Sauber mesmo. Pilotos? Mistério absoluto. Provavelmente a Audi estará envolvida na escolha. É muito precoce, claro, mas o nome de Mick Schumacher tem sido citado. O de Daniel Ricciardo, também. O primeiro, pela nacionalidade; o segundo, pela experiência. Bottas, óbvio, pelo bom trabalho que vem fazendo na Alfa, não pode ser descartado. Mas é bom repetir: é muito, muito precoce ainda falar sobre pilotos. Só que a gente fala, né? 2025 - Audi pretende fazer os primeiros testes de pista com seus motores, que serão produzidos na fábrica de Neuburg, pequena cidade bávara de 30 mil habitantes a 10 km de Ingolstadt, onde fica a sede da empresa. Hoje já há 120 pessoas trabalhando no projeto da F-1 e a fábrica, que tem uma pista de testes, será ampliada no ano que vem. Os carros seguirão sendo feitos nas instalações da Sauber em Hinwil, na Suíça. 2026 - Sauber muda de nome de novo e passar a disputar o campeonato como equipe Audi, apenas. Provavelmente já com seu controle acionário nas mãos da empresa, que pertence ao grupo Volkswagen. Hoje a Sauber pertence a um fundo de investimento liderado pelo milionário sueco Finn Rausing. Curioso é que a Sauber, desde que chegou à F-1, já teve associações com Mercedes e BMW também, duas grandes concorrentes da Audi. Chegou à categoria com carros que carregavam na carenagem a inscrição "concept by Mercedes-Benz", usando motores Ilmor — empresa associada à montadora de Stuttgart. Em 1995 e 1996, o time foi de Ford, mesmo, porque a Mercedes se mandou para a McLaren. De 1997 a 2005, os motores passaram a ser comprados da Ferrari, rebatizados como Petronas, patrocinadora do time — estatal de petróleo da Malásia que hoje é patrocinadora da? Mercedes! Comprada pela BMW no final de 2005, foi time oficial de fábrica de 2006 até 2009, quando os bávaros desistiram da F-1 e devolveram a equipe para seu fundador, Peter Sauber. Foi nessa fase que os suíços conquistaram sua única vitória, no GP do Canadá de 2008 com Robert Kubica. Em 2010, o time voltou a usar motor Ferrari, ainda que oficialmente se chamasse BMW-Sauber, uma daquelas maluquices de nomenclatura da F-1. Em 2011, a Sauber pôde voltar a disputar o Mundial com seu nome de batismo, sempre com motores Ferrari. Em meados de 2016, Peter Sauber vendeu a equipe para o fundo de investimento sueco e deixou a organização. A parceria com a Alfa Romeo começou em 2018. PUBLICIDADE | | |