Quando vim para Portugal, achei que Jorge Jesus seria figurinha carimbada nos sites e páginas dos jornais. Nem tanto. Fiquei sabendo que o treinador português esteve no Rio de Janeiro durante o Carnaval. A Bola e o Record, principais jornais esportivos da terrinha, acompanharam a passagem dele pelo Rio e especularam que o Mister é nome forte para dirigir "a canarinha", como dizem os portugueses. Também noticiaram que ele poderá dirigir o Fenerbahçe ou o milionário saudita Al-Nassr. Na ordem do dia por aqui estão Sérgio Conceição, que será campeão antecipadamente pelo Porto no fim da semana; Rubem Amorim, que faz extraordinário trabalho no Sporting; e Carlos Carvalhal, que leva o Sporting Braga outra vez ao quarto lugar e, consequentemente, à Liga Europa. Badalados estão o alemão Roger Schmidt, ex-PSV, recém-contratado a peso de ouro pelo Benfica, e Marco Silva, português de 44 anos que se sagrou campeão da Championship (segunda divisão inglesa) com o Fulham. Roger Schmidt vem para levantar o astral do Benfica que, com o terceiro lugar no campeonato, ficou de fora da classificação direta para a Champions League, sendo obrigado a disputar uma pré, devido ao fraco trabalho de Jorge Fernando Pinheiro de Jesus, o Mister, e seu sucessor tampão Nélson Veríssimo. Curioso quando há tantos portugueses dirigindo times brasileiros é o editorial assinado por José Manuel Delgado em A Bola da última quarta-feira, a propósito da contratação do treinador alemão pelo Benfica, quando ele aproveita para dar um puxão de orelhas nos treinadores brasileiros. "Com a contratação de Roger Schmidt, regressou à ribalta a discussão sobre méritos e deméritos de trazer treinadores estrangeiros para a Liga onde evoluem, de facto, excelentes técnicos portugueses... Veja-se, por exemplo, o caso dos treinadores brasileiros, que chegaram a dominar o planeta e que foram perdendo estatuto internacional, até se enquistarem no Brasileirão, que defendiam como uma coutada (não permitindo entrada de ninguém). Desta postura alegadamente protecionista, mas sobretudo baseada numa insegurança mascarada com arrogância — 'vencemos cinco Copas do Mundo, não temos nada a aprender com ninguém', diziam até há bem pouco —, não beneficiaram nem os clubes, nem os próprios treinadores, que se viram fora dos grandes palcos. O futebol português aprendeu muito com grandes mestres estrangeiros, que o fizeram evoluir e crescer..." (Aqui Delgado cita o húngaro Bella Gutmann e os brasileiros Otto Glória, Carlos Alberto Silva e Luiz Felipe Scolari, além do sueco Eriksson, do italiano Trapattoni e o alemão Jupp Heynckes, entre outros). "Se formos capazes de continuar a juntar outros saberes à ciência que já dominamos, não só seremos bem melhores, como nunca correremos o risco de sermos apanhados a dormir na forma." PUBLICIDADE | | |