Enquanto o Brasil vive frio polar, com ciclone, chuva congelada e até neve, aqui em Portugal a primavera chegou a Lisboa, e já se vê os jacarandás e os gerânios começando a florir. O céu fica extremamente azul, "o azul vivo do céu, que o sol anima", como disse Fernando Pessoa. Pode parecer fixação, falta de assunto, mas na coluna de hoje volto a falar dos técnicos portugueses de futebol. Depois que muitos técnicos se mandaram de mala e cuia para o futebol brasileiro, decidi ir atrás de mais informações sobre eles e também sobre os que do Brasil vieram para cá nas últimas décadas. Ao contrário do que se pensa no Brasil, os técnicos da terrinha badalados hoje em dia do futebol português não são os que foram praí. E nenhum deles, Abel Ferreira, Paulo Sousa, Luís Castro e Vitor Pereira, saiu de Portugal direto para o Brasil. Estavam todos fora: Grécia, Polônia, Qatar e Turquia, respectivamente. Os mais festejados são Sérgio Conceição, campeão pelo Porto; Rubem Amorim, vice-campeão com Sporting; Carlos Carvalhal, que deixou o Braga dois anos seguidos em 4º lugar e Marco Silva, que subiu com o Fulham na Premier League. Quanto a Mourinho, tenho a impressão que os portugueses o enxergam mais como cidadão do mundo do que propriamente como um técnico português. O técnico da seleção Fernando Santos vive na gangorra. Quase caiu do galho, mas a classificação para a Copa garantiu o emprego dele até lá. Jorge Jesus? Depois de frustrada recente passagem pelo Benfica, onde foi campeão em épocas passadas, frequenta o noticiário mais pelas desastradas entrevistas que deu no Brasil e pela possível ida para o Fernerbahçe. Encontrei por aqui mais gente que não gosta dele, do que ao contrário. Os do Sporting têm mágoa porque os abandonou em alguma vez e os do Benfica andam irritados com a medíocre campanha da temporada. Mas vira e mexe ele está na mídia. É tratado como VIP! Técnico respeitado mesmo, exaltado sempre, lembrado sempre, é o brasileiro com cara de português Otto Glória, recordista de dobradinhas, que pelo Benfica ganhou por três vezes o campeonato e a Taça de Portugal (1954/55, 1956/57 e 1968/69), além de levar a inesquecível seleção portuguesa de Eusébio e Coluna ao terceiro lugar no Mundial de 1966, na Inglaterra, quando eliminou inclusive a seleção brasileira. No Brasil, Otaviano Martins Glória, o Otto Glória, foi campeão pelo Vasco e pela Portuguesa de Desportos, e ficou conhecido pela famosa frase com relação aos técnicos que trabalham em Portugal: Quando vence é bestial, quando perde é uma besta" Morreu em 1986, aos 69 anos, o bestial Otto Glória! |