Cento e vinte e seis milhões de brasileiros estão aptos a colocar o voto na urna nas eleições deste domingo (2), exercendo assim o seu direito de cidadão. Se levarmos em conta a eleição passada, 20% desses, mais ou menos 30 milhões de pessoas, não votarão. Muitos não votam porque enfrentam problemas: distâncias enormes do local de votação, falta de transporte, falta de dinheiro para se locomover ou doenças. Mas há os que, de antemão, não irão votar porque vivem fora de seus domicílios eleitorais, não transferiram o título ou, simplesmente, tiverem o documento cancelado. É o caso de 21 dos 26 jogadores convocados por Tite para os dois últimos amistosos da seleção antes da Copa no Qatar. Para os 80% dos craques, a eleição não tem a menor importância e dane-se quem está preocupado com os destinos da Nação pela qual eles jogam com a camisa amarelinha. Tem gente que acha até legal eles não votarem, porque, com certeza, os votos iriam para o Capitão, de tão alienados que são. Pode ser! Mas não gostaria que fosse assim. Eles são ídolos, referências para jovens e crianças. Poderiam se dar ao respeito e exercer a cidadania, o ritual do voto, participando de campanhas para que todos votassem, não importa para quem. Porque votar faz parte do receituário democrático e contribui para que tenhamos um Congresso mais representativo dos anseios do povo e não uma ação entre grupos que querem se locupletar. Também poderiam ajudar a eleger um presidente que não seja misógino, homofóbico, que respeite os indígenas, as mulheres, os negros, e que não compactue com o que há de mais perverso e reacionário mundo afora. Enfim, torcedores brasileiros, não mirem-se no exemplo daqueles 21 marmanjos que jogam pela seleção que irá à Copa do Mundo. Deem uma surra de cidadania neles e compareçam às urnas. Abster-se, principalmente em um momento como esse, é um ato de covardia, uma afronta. Triste papel de uma geração talentosa! PUBLICIDADE | | |