Em janeiro deste ano, quando a variante ômicron passou fazendo um arrastão pelas principais cidades do país, não houve condições de defender a realização do Carnaval em fevereiro. Pelo segundo ano seguido, Rio de Janeiro e São Paulo ficariam sem os desfiles das escolas de samba por causa da pandemia de coronavírus. Até que, após uma reunião entre os prefeitos Eduardo Paes, do Rio, e Ricardo Nunes, de São Paulo, acompanhados de seus respectivos secretários de Saúde, chegou-se a uma surpreendente decisão : Carnaval em abril, emendando com o feriado de Tiradentes. "Acompanhando a curva de todos os outros países, é muito difícil que a variante Ômicron avance até lá", previu, então, corretamente, o secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz. Com o Carnaval de rua já cancelado por receios com a disseminação do vírus, esta solução trouxe algum alívio. Aparentemente, há mais chances de controle sanitário no Sambódromo, como exigência de vacinação e uso de máscara, do que nas ruas. Mas, em vez de quatro dias de desfile, serão apenas dois: sexta-feira (22) e sábado (23). Ou seja, as principais escolas cariocas e paulistas vão para as ruas na mesma hora. Dessa forma, o espectador na Globo só vai conseguir ver os desfiles na sua cidade (a transmissão também será disponível na internet). Essa limitação, segundo apontou o site Notícias da TV, afetou negativamente a venda de cotas comerciais pela Globo. Os desfiles das escolas de samba serão apresentados por Alex Escobar e Maju Coutinho (Rio) e Chico Pinheiro e Michelle Barros (SP). Em todo caso, é melhor a realização de um desfile na TV de forma limitada em abril do que nenhum Carnaval. Como mostrou o documentário "Chegou o Carnaval", da GloboNews, o cancelamento do desfile em 2021 já teve um impacto terrível sobre milhares de moradores de dezenas de comunidades carentes, cujas vidas gravitam em torno das escolas de samba. "Muita gente acha que uma escola de samba existe porque desfila. Quando a história das escolas de samba mostra uma outra coisa: as escolas de samba desfilam porque existem", diz o historiador Luiz Antônio Simas. |