Quando a comunicação com seus filhos estiver muito difícil, lembre-se de quando você era criança. Esses dias me lembrei que ganhei um coelho do meu pai quando tinha por volta de sete anos. Nessa época, eu tinha muitos pesadelos com uma bruxa cheia de chifres que eu apelidei de Bruxa Veada. Numa manhã de sábado (devia ser, porque meu pai queria dormir mais do que o costume e eu não deixei), vi a capa de um livro da coleção "Para Gostar de Ler" que mostrava uma tartaruguinha dentro de uma pia e fiquei com uma vontade louca de ter uma daquelas em casa. Depois de convencer meu pai, fomos em uma dessas lojas que vendem tudo para animais, inclusive animais. Para minha tristeza, não tinha tartaruga. Tinha, no entanto, um coelho cinza escuro, meio filhote. Cheguei no apartamento com o coelho no colo e me senti a menina mais sortuda do mundo. Pedi para meu pai para o bicho dormir no meu quarto, achando que ele não deixaria, mas para minha surpresa ele disse que sim (acho que meu pai se lembrou de quando era criança) e acrescentou: "o coelho vai proteger você da Bruxa Veada e nunca mais ela vai aparecer no seu sonho". E não é que deu certo? Nunca mais encontrei com bruxa. Para mim, que fui filha única até os sete anos, os animais eram tão importantes quanto meus familiares. Tive muitos bichos, mas, infelizmente, precisei doar alguns, mandar outros para a chácara, porque minha mãe não dava conta de cuidar de três filhos e ainda dos animais. Ao longo da minha infância tive três cachorros (a Sissi, o Kiwi e o Elvis), um gato chamado Billy -anos depois, descobrimos que era, na verdade, uma gata -, um carneirinho chamado Zé Carneiro, um coelho cinza, um canário chamado Woodstock, duas éguas (Catarina e Sampa) e três burrinhos que não tinham nome. Depois que fiquei adulta, tive receio de ter um animal e ele simplesmente sumir, e então preferi não me responsabilizar por bichanos durante um bom tempo. Até que me casei com alguém que tinha duas cachorras, e aí viraram minhas também. Quando meu filho tinha cinco anos, adotamos uma filhotinha chamada Cora, uma vira-lata cheia de energia e inteligente demais para viver num apartamento em São Paulo; hoje ela vive numa chácara com meu pai e está feliz da vida. Ela é a primeira irmã do meu filho. Na outra casa dele tem um outro irmão, chamado Pinguim (mas é um cachorro). Recentemente, meu filho fez uma redação para a escola falando sobre sua família, e estávamos todos lá, inclusive a Cora e o Pinguim, que ele nem sequer mencionou que eram cachorros. Para ele, isso é só um detalhe. Talvez devesse fazer um texto mais "adulto" para uma newsletter voltada para os tutores, mas quando falo sobre pets, a minha infância vem colada. Depois de tanta experiência com os animais, chego à conclusão de que eles são extremamente importantes para a vida das crianças - diria mesmo quase essenciais. No momento em que colocamos um bicho dentro da nossa casa, porém, sua sobrevivência depende de nós. Por isso, atender apenas a necessidade (ou desejo) da criança em ter um bichinho em casa e não pensar no que isso acarreta na vida do animal, na nossa vida adulta e na rotina prática pode gerar mais tensão do que alegria. Ainda assim, para quem gostaria de ter em casa um pet, recomendo muito! É uma companhia incrível para as crianças (e para nós também), e um aliado na interação com os pequenos. Como animais de estimação estimulam o cérebro das crianças. Como estimular seu filho a cuidar do animal de estimação de acordo com a idade dele. Para adotar um animal adulto. Site com vários locais para adotar. PUBLICIDADE | | |