As férias mal começaram e a busca por programas para entreter as crianças é infinda. Mas e quando a programação externa falha, o que fazer? Passei umas férias com minha família numa praia e uma chuva forte invadiu aquela temporada. Minha mãe e meu pai ficaram desesperados pensando o que fariam para ocupar três crianças. Minha mãe, que sempre amou livros, resolveu escrever um conto para nós. Enquanto a gente tentava espantar o tédio profundo com jogos de tabuleiro e de cartas, ou correndo na chuva, brincando de esconde-esconde pela casa e fazendo perfume com flores molhadas que caíam no quintal, minha mãe escrevia num caderno a história de São Jorge. À noite, sentava com a gente na sala e contava o que ela havia escrito durante o dia. A gente dava os nossos pitacos e no dia seguinte ela lia de novo a história com as mudanças que tinha feito a partir da nossa opinião, e mais aquilo que tinha escrito durante o dia. Taí uma lembrança boa que tenho daquelas férias que poderiam ter sido uma das piores. Mais recentemente, agora no papel de mãe, passei por uma experiência interessante com meu filho nas férias em meio a pandemia. Ele criou tanta resistência à escola, por conta das aulas online, que falar em livros ou sobre qualquer coisa que remetesse ao aprendizado lhe dava logo ojeriza. Eu não sabia como me aproximar para ajudar diante de tanta tristeza e agressividade naquele pequeno ser de nove anos. Até que um dia me disse que algumas crianças da turma estavam lendo Harry Potter, e que tinha vontade de ler, mas achava muito grande e sentia que não iria conseguir. Passamos numa livraria, comprei o livro e disse para ele que o leríamos juntos. No começo, eu lia três páginas e ele, uma; aos poucos, quase dividimos igualmente a leitura em voz alta. Foi uma viagem incrível de férias, um refúgio necessário para aquele momento tão árduo pelo qual todos nós passávamos. Posso dizer que Harry Potter salvou nossas férias e ajudou a equilibrar minha relação com meu filho. Além disso, ele voltou a ler e a se interessar pelo mundo das letras novamente. Nem sempre a melhor programação fica só do lado de fora de casa. A parceria nas pequenas atividades pode ser uma grande aliada nas férias e na relação cotidiana. No Pitaco de Livro desta edição, deixamos algumas dicas de livros para ler, um pouco por dia, junto com as crianças. E, abaixo, uma lista de atividades possíveis para o mês de julho: Action Park Belas Artes - cursos de férias Escape 60 Morumbi Park Mundo do Circo PopHaus Start Arte PUBLICIDADE | | |