A privatização do serviço funerário em São Paulo abriu brecha para a criação de um mercado lucrativo de revenda de jazigos de uso particular. Túmulos considerados abandonados ou em estado de ruína são agora desapropriados pelas concessionárias e revendidos por até R$ 150 mil. Segundo o UOL apurou, 566 famílias já perderam o direito sobre sepulturas localizadas nos cemitérios do Araçá, Vila Mariana e Quarta Parada, por exemplo. E ao menos outras 17.529 famílias correm esse risco. Parte delas nem sabe disso. O aposentado Luiz Antônio Muniz de Souza e Castro, 73 anos, só descobriu que o túmulo que guardava os restos mortais de seus avós havia sido "retomado" durante uma visita ao cemitério da Consolação, na região central da cidade. "Achei até que tinha me perdido, mas não. Era o jazigo da minha família mesmo, que estava em reforma pela administração sem eu saber de nada. Destruíram tudo, alegando abandono", conta. O processo de recadastramento e avaliação das sepulturas teve início em março de 2023, quando a gestão dos 22 cemitérios municipais foi repassada pela prefeitura a quatro concessionárias. Desde então, as novas administradoras definem o que é "abandono" e convocam os responsáveis a regularizar a situação indicada. Quem não responde ao chamado, seja porque não foi localizado ou porque não tem condições financeiras de arcar com os custos da reforma, fica sujeito a perder o túmulo da família. O não pagamento da taxa de manutenção anual, que passará a ser cobrada pelas concessionárias após a realização de melhorias nos cemitérios, também poderá ocasionar a retomada do jazigo pela concessionária responsável. Os contratos firmados com a gestão Ricardo Nunes (MDB) permitem a prática, mas deixam dúvidas sobre prazos e condições para a retomada e comercialização dos terrenos. LEIA A REPORTAGEM NO UOL PRIME ERRATA: Diferentemente do informado na newsletter "Janja: as articulações da primeira-dama contra os limites institucionais"', os autores da reportagem são Adriana Negreiros e Lucas Borges Teixeira, não Adriana Ferraz e Lucas Borges Teixeira. PUBLICIDADE |  | |