Conheci Gabriel Galípolo durante a campanha presidencial de 2022, num ato de campanha de Lula, em São Paulo. Discreto e atento, ele não estava no palco, mas articulava muito nos bastidores. Fomos apresentados na ocasião e desde então o mantenho no radar. Galípolo se tornou secretário-executivo do Ministério da Fazenda quando Lula tomou posse, e nunca antes um número 2 teve tanta visibilidade quanto ele. De lá se tornou diretor de política monetária do Banco Central para agora finalmente chegar à presidência da autarquia. Depois de mais de dois anos cobrindo seu trabalho, conversei com mais de 15 fontes para traçar seu perfil para o UOL. A ascensão vertiginosa do economista de 42 anos em Brasília se deve a uma combinação de características: habilidade política, conhecimento técnico e um ecletismo de formação. Eu o encontrei em ambientes distintos, de uma festa do ex-ministro José Dirceu, numa mansão em Brasília, a debates do mercado financeiro em hotéis em São Paulo. Numa conversa que tivemos, ele disse que teve uma "formação esquisita", passou por lugares diferentes e formou repertório para ser uma espécie de "tradutor" —fala a língua da política e a do mercado. Agora, Galípolo vai precisar se fazer compreender mais do que nunca na função para lá de sensível que assumiu, o comando da autoridade monetária em momento de recordes do câmbio, aceleração da inflação e pressão econômica, dentro e fora do Brasil. |