Na semana passada, em apresentação destinada a um grupo restrito de integrantes do mercado financeiro, o instituto Ideia exibiu os resultados de um estudo com eleitores "soft" de Ciro Gomes. O objetivo era avaliar quão resilientes eram os votos desses eleitores. Ou, em outras palavras, qual a possibilidade de eles abandonarem o pedetista e recorrer ao "voto útil" em Lula para enfraquecer Bolsonaro — aumentando, dessa forma, as chances de vitória do ex-presidente no primeiro turno. Para o grupo de eleitores estudado — homens e mulheres vindos de diferentes regiões do Brasil —, Ciro Gomes aparece como alguém que quebra a polarização entre Lula e Bolsonaro, possui experiência de governo e não tem seu nome ligado a casos de corrupção. Alguns integrantes do grupo compararam positivamente o temperamento do candidato do PDT com o de Bolsonaro. O fato de Ciro, como o ex-capitão, ser "intempestivo" e ter "personalidade forte" sinalizaria que ele não seria um "pau mandado" de outros políticos. Lula, por sua vez, seria parecido com Ciro na preocupação que teria para com os brasileiros mais pobres, segundo disseram alguns entrevistados. Em relação ao voto útil, porém, a resposta do grupo cirista foi bem mais homogênea. Diante da pergunta se mudariam seu voto para evitar que Lula ou Bolsonaro pudessem ganhar, quase todos os entrevistados responderam que não: manteriam a escolha por Ciro. Não houve qualquer menção espontânea à ideia do "voto útil". Ou seja, quem está hoje com Ciro pretende permanecer com ele, não importa se isso poderá ajudar a eleger o petista ou o atual presidente. Para o coordenador do estudo, Maurício Moura, no entanto, a conclusão dessa rodada tem de ser analisada com cautela. "Eleições passadas já mostraram que a decisão do voto útil costuma ser tomada apenas na última hora", afirma o pesquisador. "Mas como esta eleição vem antecipando etapas, pode ser que alguma mudança ocorra ainda antes de setembro. Será preciso acompanhar os ciristas por mais tempo para saber se eles de fato permanecerão com seu candidato ou migrarão para o voto útil". |