Jair Bolsonaro perdeu mais de um terço do seu eleitorado na faixa etária de 16 a 24 anos desde a eleição de 2018. Naquele ano, a pesquisa CNT/MDA feita antes do primeiro turno das eleições dava ao ex-capitão 37% dos votos entre os jovens. Hoje, essa taxa caiu para 24%, o que significa uma perda de votos de 13 pontos percentuais, quase três vezes mais que a queda do presidente entre as mulheres (de 5 pontos percentuais em relação a 2018). Para Costa Souza, tamanho derretimento do ex-capitão entre os mais jovens está associado ao fato de eles serem "naturalmente mais críticos em relação aos governos instalados" — lembrando que, em 2018, Bolsonaro era um azarão e hoje é situação. O pesquisador considera ainda que pode ter contribuído para a queda de Bolsonaro entre os mais jovens também o fato de o ex-presidente Lula (PT) ter uma de suas menores rejeições nessa faixa etária. "A ideia de que houve corrupção no governo Lula, até hoje o ponto mais vulnerável do candidato do PT, é algo de que esses eleitores só ouviram falar, já que eram muito pequenos na época do mensalão, por exemplo" Marcelo Costa Souza, diretor-executivo do instituto de pesquisas MDA Os outros dois segmentos em que Bolsonaro mais perdeu votos em relação a 2018 foram o dos eleitores que ganham até dois salários mínimos (queda de 21%) e o dos moradores da região Sudeste (queda de 23%). Para Costa Souza, nos dois casos, a economia explica o mau-humor dos eleitores para com o ex-capitão. "Inflação e desemprego afetam em especial os mais pobres. E no caso dos eleitores da região Sudeste, faz sentido pensar que eles sofreram mais o impacto negativo da crise econômica do que o impacto positivo de benefícios como o Auxílio Brasil", diz o pesquisador. O Nordeste, que concentra 27% da população, tem 8,5 milhões de beneficiários, enquanto o Sudeste, onde vivem 42% dos brasileiros, tem 5,2 milhões de contemplados pelo Auxílio. |