| | Eleitor chave ganha em torno de R$ 1,8 mil, votou em Dilma em 2014 e em Bolsonaro em 2018 | SOPA Images/LightRocket via Gett |
| | | | Quem é o eleitor que vai definir a eleição | O eleitor que irá definir a eleição presidencial deste ano é mulher, tem renda familiar mensal em torno de R$ 1,8 mil, mora na periferia de uma grande cidade da região Sudeste, se professa católica ou evangélica e trabalha fora. Ela se informa pela TV e pela internet, interessa-se pouco por questões como corrupção e relativas à política e tem como prioridades para o próximo governo a melhora da economia e dos serviços — em especial saúde, segurança e educação. Votou no PT no passado e em Jair Bolsonaro em 2018, mas está decepcionada com o presidente sobretudo por causa do aumento do custo de vida. Nessas eleições, ainda não tem certeza sobre o seu voto. De acordo com Bruno Soller, cientista político e pesquisador associado da Real Time Big Data, esse é o perfil do eleitor — integrante da classe social C2, na nomenclatura da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas, a Abep — que fará a balança da eleição de outubro pender para o ex-presidente Lula (PT) ou para o presidente Jair Bolsonaro (PL). PUBLICIDADE | | | O "swing vote" brasileiro | "A C2 é o nosso swing vote", afirma o pesquisador, numa referência à expressão americana que define o eleitor ou grupo de eleitores pouco fiéis a partidos, cujo voto, por sua volatilidade, é difícil de prever e, nos Estados Unidos, foi fundamental para eleger Donald Trump em 2016. A C2 seria o "swing vote" brasileiro porque, segundo Soller, foi o único extrato social do país cujo comportamento eleitoral se modificou desde 2006. A partir daquele ano, com a consolidação dos programas de distribuição de renda pelo governo do PT, a sigla do ex-presidente Lula fidelizou o voto dos brasileiros mais pobres, que permaneceram leais a ela mesmo diante da eclosão de escândalos como o mensalão. Já na classe média alta (que reúne as classes B e C1, segundo os critérios da Abep), a sucessão de episódios de corrupção envolvendo a legenda alimentou o antipetismo e fez com que, nos estados com maior concentração desses extratos sociais, passassem a sair sempre vitoriosos os candidatos "anti-Lula" — em 2006, Geraldo Alckmin; em 2010, José Serra; e em 2014, Aécio Neves, todos então tucanos. | 71% dos "swing voters" ainda não definiram seu candidato | Ocorre que em 2018, Jair Bolsonaro tomou o lugar dos tucanos e abocanhou não só os redutos antipetistas como também os bolsões de eleitores que, distribuídos nas regiões metropolitanas das grandes cidades do país, haviam votado no PT no passado. "Esses eleitores da classe C2, que um dia votaram em Lula e Dilma, escolheram Bolsonaro em 2018 pelas suas promessas de entrega, sobretudo, na área da segurança pública" Bruno Soller, cientista político e pesquisador associado da Real Time Big Data Segundo o pesquisador, o ex-capitão apareceu como uma esperança, por exemplo, "para a moradora da periferia das grandes cidades que, ao sair para trabalhar, via o traficante vendendo drogas na porta da sua casa e ficava com medo de o filho usar". De 2014 para 2018, o PT teve uma perda de 6,5 milhões de eleitores na região Sudeste, principalmente nos municípios com a presença maciça da classe C2 — a mesma que agora se distancia de Bolsonaro, frustrada com os resultados econômicos do seu governo. A C2 reúne 27% da população brasileira, menos apenas do que a classe D. É um imenso contingente — e ainda indeciso. Se, no cômputo geral, as pesquisas indicam que mais de 70% dos brasileiros já definiram o seu candidato, na "swing vote" brasileira, o cenário é inverso: 71% dos integrantes da C2 dizem ainda não ter certeza do seu voto, afirma Soller. "A eleição irá para onde essa classe for", diz o pesquisador. | EM OFF | SE LULA GANHAR, O CENTRÃO VAI COM ELE? "O arco de partidos que está com o PT fará em torno de 150 deputados; o MDB, uns 40; PSD, 60; PSDB mais União Brasil, uns 30. Só aí já deu 280. Para conseguir mais 30 do centrão é fácil - no dia seguinte à eleição do Lula, farão fila na porta" de um cacique partidário pró-Lula sobre o cenário que, em caso de vitória, o ex-presidente enfrentará no Congresso para passar projetos de interesse do governo, tomando por base os 308 votos necessários para aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) na Câmara dos Deputados "Lula, se vencer, já entra com 40% da população contra ele. Significa que chegará com 'baixa imunidade' num Congresso empoderado pelo aumento do fundo partidário e pelo que eles chamam de orçamento secreto. Quem terá de ir à luta, portanto, será ele, Lula, e não o centrão" de um representante do centrão (bloco formado pelo PL, PP e Republicanos), para quem o PT e seu arco de partidos farão até 160 deputados, o que resultará numa Câmara em que mais de 350 parlamentares "não serão de esquerda" | | | |
|