Uma pista de como se comportará a taxa de abstenção neste ano foi dada na pesquisa CNT/MDA divulgada no último mês de maio. O instituto MDA perguntou a 2.002 eleitores se eles pretendiam comparecer ao local de votação na data marcada para o primeiro turno. A intenção era avaliar em que segmentos do eleitorado a abstenção poderia ser maior e, portanto, qual dos dois principais candidatos, Lula ou Bolsonaro, seria mais afetado por ela. Se mais homens que mulheres respondessem que não iriam comparecer à votação, isso tenderia a prejudicar mais Bolsonaro do que Lula, já que o presidente tem a preferência do eleitorado masculino. Se mais católicos do que evangélicos dissessem não pretender ir às urnas, isso indicaria um maior prejuízo para Lula, que tem mais votos entre esses fiéis do que Bolsonaro. Mas o resultado da pesquisa mostrou diferenças praticamente desprezíveis na comparação por gênero e religião: a perspectiva de abstenção entre homens e mulheres revelou-se praticamente a mesma, assim como entre evangélicos e católicos. Os únicos recortes que apontaram uma diferença significativa na intenção de comparecer ou não à votação do dia 2 de outubro foram escolaridade e renda. "Entre os mais pobres e menos escolarizados, a intenção de não ir às urnas foi o dobro da verificada entre os mais ricos e com maior grau de instrução", afirma Marcelo Marcelo Costa Souza, diretor-executivo do instituto de pesquisas MDA. "Se essa tendência se confirmar em outubro, o beneficiado será Bolsonaro", diz o pesquisador. |