Muitos eleitores de Alckmin decidiram abandonar o barco do ex-governador na última hora para não "desperdiçar" seu voto ou para apoiar aquele que poderia impedir, a depender do gosto de cada um, a vitória do ex-capitão Jair Bolsonaro ou do petista Fernando Haddad. Ocorre que, como mostra a sequência de pesquisas Datafolha, essa decisão foi tomada ao longo da semana que antecedeu o primeiro turno, quando também desidrataram (embora menos que Alckmin) Marina Silva e Ciro Gomes. "Hoje, a duas semanas da eleição, é cedo para falar em voto útil", diz o economista e professor da Universidade George Washington, Maurício Moura, fundador do instituto Ideia. "Voto útil se dá quando o eleitor está com a faca no pescoço, com um medo muito forte, um medo que não está presente agora entre os eleitores do Ciro". Felipe Nunes, cientista social e diretor da Quaest, concorda com Moura. "O voto útil se decide, em geral, no dia da votação. É racionalidade na boca da urna". Para Nunes, o que pode estar acontecendo agora é uma mudança de votos de fato. "A rejeição de Ciro vem aumentando. Quanto mais bate em Lula, mais se afasta do eleitor que acha que ele deveria apoiar o PT no segundo turno. Ou seja, pode não ser estratégia o que está movendo o eleitor de Ciro neste momento, mas desgosto com a sua escolha", diz. |