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Opinião: Brics, unindo forças para vencer as ondas

O presidente chinês, Xi Jinping, participa de econtro dos Brics no último dia 17 - Li Xueren/Xinhua
O presidente chinês, Xi Jinping, participa de econtro dos Brics no último dia 17 Imagem: Li Xueren/Xinhua

Yang Wanming*

Especial para o UOL

24/11/2020 12h40Atualizada em 24/11/2020 12h40

Num momento em que a humanidade enfrenta uma pandemia sem precedente num século, a economia mundial atravessa uma recessão severa, que faz os mercados emergentes e os países em desenvolvimento experimentarem a primeira retração em seis décadas. Foi nesse contexto especial que os líderes dos Brics se reuniram recentemente para tratar do tema "Parceria do Brics para a estabilidade global, a segurança compartilhada e o crescimento inovador".

Os amplos consensos alcançados na ocasião foram incluídos na Declaração de Moscou da 12ª Cúpula dos Brics. Em seu discurso, o presidente chinês Xi Jinping apresentou as proposições chinesas sobre a cooperação dos Brics e a governança global na nova era.

Vamos superar os desafios da pandemia com solidariedade e parceria. Quase um ano depois, as práticas provaram que, com união e medidas científicas, é possível conter a propagação da covid-19 e mitigar seus impactos. Empresas chinesas estão trabalhando com parceiros brasileiros e russos em ensaios clínicos da fase 3 de vacinas.

A China aderiu à plataforma Covax, onde vai compartilhar vacinas com outros países, principalmente com as nações em desenvolvimento. Pretende fornecer imunizantes aos Brics onde houver demanda. Além disso, já criou um centro nacional para compor o Centro de P&D de Vacinas dos Brics e está disposta a trabalhar com os outros países dos Brics para promover pesquisas e testes conjuntos, montar fábricas, autorizar a produção e reconhecer as certificações mutuamente.

Vamos revitalizar a economia global com abertura e inovação. A China espera reforçar ainda mais a coordenação das políticas macroeconômicas com os parceiros do bloco, implementar a iniciativa de facilitação do fluxo transfronteiriço de pessoas e bens, assim como garantir a segurança e o bom funcionamento das cadeias produtivas e de suprimentos para dar suporte à retomada do trabalho e da produção e à recuperação econômica.

A fim de acelerar a construção da Parceria dos Brics para a Nova Revolução Industrial (PartNIR), será criado o Centro de Inovação da PartNIR, na cidade de Xiamen, Província de Fujian, com o objetivo de aprofundar a cooperação em áreas como alinhamento das políticas, capacitação de profissionais e estruturação de projetos.

A iniciativa espera contar com a participação de todos os membros dos Brics. A China está propensa a fortalecer parcerias em ciência, tecnologia e inovação, desenvolver novas formas e modelos de negócios e criar para as empresas um ambiente de abertura, equidade, imparcialidade e não discriminação.

Vamos aperfeiçoar a governança global com base no multilateralismo. Ao praticar unilateralismo, bullying e defender a chamada "dissociação econômica", certos países acabarão por prejudicar tanto os interesses próprios como os interesses comuns.

A China advoga a salvaguarda do sistema internacional centrado na ONU e da ordem global sustentada pelo direito internacional. Defende a construção de parcerias igualitárias e equilibradas para o desenvolvimento global através de consultas abrangentes, para que os frutos de progresso possam beneficiar mais os países em desenvolvimento e responder melhor às necessidades dos mais desfavorecidos.

A China é a favor de colocar as metas da Agenda 2030 no centro da cooperação internacional de desenvolvimento, priorizar a erradicação da pobreza como meta primordial e canalizar mais recursos a áreas como redução da pobreza, educação, saúde e infraestrutura. Os Brics devem permanecer comprometidos com uma economia mundial aberta, assim como com um progresso de melhor qualidade e mais resiliente.

Único membro latino-americano dos Brics, o Brasil é um importante participante, contribuinte e beneficiário desse mecanismo, além de ser o maior parceiro comercial da China dentro do bloco e na América Latina. Como o presidente Xi Jinping observou, estamos todos no mesmo barco.

Quando o vento está forte e o mar, impetuoso, devemos focar ainda mais na nossa direção e atuar em equipe. A China está pronta para trabalhar com o Brasil e os demais países dos Brics para remar juntos e enfrentar as ondas. Com ações concretas, vamos dar as devidas contribuições para a construção de um mundo melhor.

*Embaixador da China no Brasil