OPINIÃO
A verdade sobre o genocídio
Claudio Lottenberg
Presidente da Confederação Israelita do Brasil
08/12/2023 04h00
Impossível negar.
Existe sim uma tentativa de genocídio do Oriente Médio: o Hamas ambiciona aniquilar Israel e a sua população. Está no seu estatuto e no seu bordão mais popular, "Do rio até o mar, a Palestina será livre".
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Se não for contido, depois fará o mesmo, mundo afora, com todos que não aceitarem a sua versão radical e totalitária de sociedade.
É inacreditável que, apesar da clareza absoluta das suas intenções genocidas, o Hamas consegue diluí-las em um falso discurso de vitimização e de resistência. Não apenas isso: na esteira de um antissemitismo latente, a imputação de genocida acaba recaindo, em alguns círculos desinformados ou mal intencionados, sobre Israel.
Há milhares de mortos na guerra iniciada pelo Hamas, nos dois lados da fronteira. Qualquer tentativa de relativizar o sofrimento dos inocentes é inaceitável. Por isso, reafirmo: os argumentos desse texto têm como pressuposto o respeito e a solidariedade às famílias enlutadas — tanto em Israel quanto em Gaza.
Justamente por isso, precisamos compreender a realidade para evoluir na direção certa. Atualmente, palestinos e israelenses são vítimas de uma mesma entidade terrorista. Ela se chama Hamas, que não aceita a existência da única democracia da região e incentiva o ódio étnico aos judeus.
A acusação de genocídio contra Israel tem dois objetivo interligados. O primeiro, é justificar a matança promovida pelo Hamas e a covardia da sua estratégia, alicerçada no uso de seu próprio povo como escudo. O segundo é agredir a memória do Holocausto, quando a máquina de morte nazista planejou e executou, com absoluta frieza e disciplina, o assassinato de seis milhões de judeus, sem que nenhum deles pretendesse — antes, durante ou depois — destruir a Alemanha.
Acusar os judeus de repetir práticas nazistas nada mais é do que uma forma de antissemitismo. A falsa acusação dos terroristas não resiste aos fatos. Desde a fundação de Israel, aprovada pela ONU, a população palestina praticamente quadruplicou. É uma das que mais cresce no mundo.
Milhares de palestinos são atendidos, a cada ano, em hospitais israelenses, que estão entre os melhores do mundo. Mesmo agora, durante a guerra, o exército de Israel pede à população civil que se retire de áreas que serão bombardeadas. Quem não deixa é o Hamas, que usa hospitais e escolas com fins militares. Só o preconceito explica como a mentira consegue sufocar a verdade.
No dia 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas invadiram Israel, mataram 1,2 mil inocentes, violentaram mulheres, assassinaram bebês, famílias, pessoas idosas e jovens que se divertiam em uma festa. Além disso, sequestraram mais de 200 civis, muitos deles ainda passando fome e submetidos a tortura em buracos e porões da Faixa de Gaza. Em um único dia, o Hamas lançou mais de 5 mil foguetes contra alvos civis em Israel, que reagiu. Quem é o genocida?
Nesse contexto, é louvável o apelo à paz e ao diálogo lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em recente gira pelo Oriente Médio. Porém, para que sua pregação adquirisse um sentido ainda mais correto, o presidente Lula poderia ter apontado qual dos lados não quer conversar, porque não aceita, em hipótese alguma, o direito à existência do outro.
O Hamas, que não representa os legítimos anseios democráticos dos palestinos, só existe para destruir Israel.
Uma guerra é sempre triste. É nosso dever trabalhar pelo fim da violência. Mas, para isso, o Hamas precisa ser neutralizado, antes que o Oriente Médio fique pequeno demais para a sua ambição de impor uma ditadura religiosa global. O genocídio planejado pelo Hamas contra os judeus é apenas o começo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL