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OPINIÃO

Marçal apanha em debate e ataca Tabata quando ela já não podia se defender

Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo) e Pablo Marçal (PRTB) durante debate promovido pela revista Veja Imagem: Divulgação

Matheus Pichonelli

Colunista convidado

19/08/2024 13h08Atualizada em 19/08/2024 20h03

Quatro dos seis candidatos à Prefeitura de São Paulo fugiram nesta segunda-feira (19) do debate promovido pela revista Veja na ESPM. Três deles —Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena (PSDB)— sequer compareceram. O quarto, Pablo Marçal (PRTB), esteve lá apenas de corpo presente em um miado e constrangedor embate com Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo).

Sem os alvos preferenciais, o autointitulado coach girou em falso o tempo todo. Ele até tentou ensaiar uma dobradinha com a candidata do Novo, mas não escapou do enfrentamento proposto por Tabata, única postulante que parece ter feito a lição de casa e levado a sério o compromisso da agenda desta segunda.

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De cara, a deputada perguntou ao rival se ele concordava com a proposta de seu coordenador do plano de governo, o ex-bolsonarista Filipe Sabará. Ex-secretário de Assistência Social, Sabará ficou conhecido por querer distribuir "ração humana" para moradores de rua durante a gestão João Doria.

Marçal sentiu o golpe e mal disfarçou o desconforto. Claramente não sabia do que ela estava falando. Perdido, ele apelou para uma frase recorrente: "Essa pergunta será respondida no meu Instagram". Valia para tudo.

No bloco em que os candidatos poderiam fazer perguntas uns aos outros, ele queimou a chance ao dizer para Marina Helena que ela poderia usar o tempo dela como bem quisesse. Lembrou um relapso Fernando Collor em um folclórico embate com Enéas Carneiro na campanha a Prefeitura de São Paulo em 2000, quando tirou o rival do sério dizendo "fala qualquer coisa aí".

Marina Helena usou o tempo para repetir o slogan de Marçal e mandar o eleitor "fazer o M". De Marina, ela explicou.

Marçal chegou a tirar o "chapéu" —na verdade, o boné— para as mulheres que toparam debater com ele. Disse que a nação enfrenta um problema de "masculinidade e virilidade" e por isso os candidatos homens não tiveram coragem de comparecer.

Tudo para se embananar, na sequência, em um dos momentos mais tensos do duelo. Foi quando Tabata questionou como ele pretende cuidar de pessoas em situação de vulnerabilidade, já que ele colocava vidas em risco em experiências como a subida sem preparo ou equipamento com 30 pessoas ao Pico dos Marins, que quase resultou em tragédia, em 2022, e uma maratona às pressas ao fim de um expediente em sua empresa, em 2023. Nessa última empreitada, um colaborador terceirizado morreu de estafa no 15º quilômetro, e a família processa o empresário desde então.

Marçal desconversou, desconversou, defendeu educação financeira para futuros empresários nas escolas e depois pediu direito de resposta. O pedido não foi aceito.

"A verdade é que nem o [Jair] Bolsonaro confia em você. Falou nesta semana que você é igual produto estragado", disse Tabata.

"Ela só pensou em atacar o tempo inteiro", queixou-se Marçal, lembrando que era ele o acusado de tumultuar a campanha.

Tabata seguiu a artilharia. Acusou o rival de agir como um aluno que só topa fazer prova com consulta. "Vocês repararam? Ele só responde depois que o assessor vem falar no ouvido dele. Ou só topa responder na rede social, porque tem uma equipe dando Google."

Ela ainda ironizou o fato de ele precisar de "cola" até para lembrar o número da própria legenda.

No fim, foi a candidata quem aproveitou melhor a ausência dos fujões. "Se você não aguenta provocação, como vai lidar com a Câmara Municipal?", questionou.

O quarto "fujão" ficou perdido entre a estratégia (cancelada) de agredir adversários e o dilema de usar as mesmas armas contra duas adversárias mulheres. Mas isso os cortes nas redes dele não vão mostrar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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