Violência no Rio

Candidato a vereador e presidente da Portela, Marcos Falcon é morto no Rio

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

Candidato a vereador do Rio de Janeiro e presidente da escola de samba Portela, Marcos Vieira Souza (PP), 52, mais conhecido como Marcos Falcon, foi assassinado a tiros dentro de seu comitê de campanha na tarde desta segunda-feira (26), em Oswaldo Cruz, na zona norte da capital fluminense. Ele era policial militar e, segundo a corporação, estava licenciado para o período eleitoral.

O caso está sendo investigado pela DH (Delegacia de Homicídios) da Capital, da Polícia Civil. Em nota, a corporação informou que a unidade foi acionada para investigar o crime ocorrido na rua Maria José. "Diligências estão em andamento para apurar as circunstâncias e a autoria do crime", disse a nota.

No local, o diretor da especializada, Rivaldo Barbosa, disse que há uma possibilidade de o crime, cometido por homens armados com fuzis, tenha tido "viés político". "Nós não descartamos nada nesse momento. Mas foi uma execução sumária, não tenho dúvida. Foi uma ação direcionada e criminosa", declarou a jornalistas.

Falcon foi eleito presidente da Portela, uma das mais tradicionais escolas do Rio, em maio, como candidato único. Ele era casado com a porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso.

Reprodução/Facebook
Falcon era candidato a vereador pelo PP; ele disputaria a sua primeira eleição neste ano

Em 2011, quando ainda era diretor de carnaval da agremiação, ele foi preso ao levar um miliciano para se apresentar à prisão. Isso porque estava com munição e R$ 33 mil em espécie em seu carro. Ele também foi acusado de ter tramado o assassinato da então chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, hoje deputada estadual pelo PDT.

Expulso da Polícia Militar ainda em 2011, ele foi reintegrado em 2013, "devido ao fato de ele ter sido absolvido em processo judicial, que foi arquivado a pedido do Ministério Público", segundo a corporação. Ainda de acordo com a PM, o Conselho de Disciplina "já havia decidido por sua permanência em junho de 2011". Desde sua reintegração, ele estava à disposição da Diretoria Geral de Pessoal.

Ao longo de sua trajetória na PM, Falcon sofreu atentados a tiros e precisou passar por cirurgias reparadoras.

Em março deste ano, a Polícia Civil abriu um procedimento para identificar o autor de supostas ameaças feitas ao então vice-presidente da Portela. A investigação realizada pela 29ª DP (Madureira), no entanto, não identificou "qualquer indício de existência de um plano elaborado para matar de fato a vítima, tendo as ameaças sido feitas por um telefonema, recebido pela funcionária de Falcon", informou a corporação.

A polícia afirmou ainda que o procedimento foi encaminhado um mês depois ao Juizado Especial Criminal, "não tendo retornado posteriormente à unidade".

Luto

A diretoria da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) divulgou nota na qual se diz "profundamente consternada" e lamenta a morte do presidente da Portela. "Aos familiares, portelenses e amigos, nossos mais sinceros sentimentos", completa o texto.

Desde o fim da tarde, as páginas de facebook de Falcon e de sua viúva começaram a receber manifestações de solidariedade. "O samba está de luto", escreveu um amigo de Selminha. "Deus conforte a todos nós que somos da família Nação Portelense", disse um seguidor do candidato.

Campanha

Em vídeo divulgado durante sua campanha, o policial militar afirmou que, como vereador, pretendia contribuir "ainda mais com a segurança pública" e com a comunidade do samba. Finalizou sua fala com a frase "quem ousa, vence".

Ele integrava a coligação do candidato a prefeito Pedro Paulo (PMDB). No início da noite, o candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, Carlos Osorio, divulgou texto lamentando o crime no qual diz ter conhecido Falcon na Portela e o classificou como "um líder nato, carismático e com enorme capacidade de trabalho". (Com Estadão Conteúdo)

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