O que os 6 empatados em 2º lugar no Rio vão fazer por uma vaga no 2º turno

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

  • Arte/UOL

    Seis candidatos aparecem empatados em 2º lugar no Rio de Janeiro

    Seis candidatos aparecem empatados em 2º lugar no Rio de Janeiro

A três dias das eleições e com seis candidatos empatados no segundo lugar, de acordo com a última pesquisa Ibope, os postulantes à Prefeitura do Rio de Janeiro se esforçam para se diferenciar e conquistar os eleitores. Confira abaixo algumas das estratégias adotadas pelos candidatos para chegar ao segundo turno ao lado do senador Marcelo Crivella (PRB), líder isolado das pesquisas.

Voto útil

Bandeira levantada em especial por Pedro Paulo (PMDB), candidato do atual prefeito da cidade, Eduardo Paes, e pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), ambos com 10% na pesquisa, o "voto útil" procura passar a ideia de que o candidato é a única opção capaz de seguir para o segundo turno e, assim, ganhar os eleitores de outros candidatos com propostas parecidas.

Enquanto Freixo disputa, em especial, os votos da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e do deputado federal Alessandro Molon (Rede), situados mais no campo da esquerda, Pedro Paulo foca nos concorrentes Carlos Osorio (PSDB) e Índio da Costa (PSD). Somados, Freixo, Jandira e Molon possuem 18% das intenções de voto contra 22% de Pedro Paulo, Osorio e Índio.

"Não temos pesquisas para dimensionar o real impacto do voto útil, mas, nessa situação, ele se torna a principal estratégia. Tanto Freixo quanto Pedro Paulo precisam convencer os eleitores de que são capazes de abrir uma distância dos outros candidatos e chegar ao segundo turno", afirma o cientista político e professor Jairo Nicolau, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"[Freixo] precisa carregar nas tintas da identidade de esquerda, romper um pacto de não agressão da esquerda e roubar votos do Molon e da Jandira", reforça o pesquisador especialista em pesquisas eleitorais Geraldo Tadeu Monteiro, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).

Diga-me com quem andas… 

Marcelo Carnaval/Agência O Globo
Pedro Paulo (centro) abraça Paes em evento com o ator Milton Gonçalves (à esq.) e o deputado estadual Jorge Picciani (à dir.)
Tanto quanto as propostas, os candidatos apostam em seus apoios para conquistar o eleitor. Nesta última semana, Pedro Paulo reforçou as aparições de seu padrinho político, Eduardo Paes, e Molon fez campanha ao lado de Marina Silva pelas ruas de Madureira. Já Osorio trouxe o senador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ambos do seu partido, ao Rio para gravar para a sua campanha. Flávio Bolsonaro (PSC) investe desde o início da campanha na presença do pai, Jair Bolsonaro, que o acompanha tanto nos debates quanto na rua.

"É uma forma de angariar simpatia para além do partido, mostrar força", diz Monteiro.

Ernesto Carriço/Estadão Conteúdo
Chico Buarque participa de comício ao lado de Freixo, na Lapa
Freixo, por sua vez, realizou um comício com o cantor Chico Buarque e outros artistas na Lapa enquanto Jandira levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Bangu, na zona oeste. Antes, ela trouxe a ex-presidente Dilma Rousseff à Cinelândia, no centro da cidade.

Todos contra Pedro Paulo

Marcello Dias/Futura Press/Estadão Conteúdo
Pedro Paulo (à esquerda) foi alvo desde o começo da campanha
Candidato de Paes, Pedro Paulo tem sido, desde o começo da campanha, alvo preferencial de ataques dos outros candidatos. Os concorrentes têm lembrado, em especial, a denúncia de agressão contra sua ex-mulher, arquivada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

Se no começo da campanha as insinuações eram mais veladas, apenas com menções à violência contra mulher, na última semana os ataques se tornaram mais diretos. No debate na Record, no domingo (25), Índio da Costa perguntou diretamente sobre o processo. "Candidato Pedro Paulo, para mim, quem bate em mulher é covarde. E para você?", questionou.

Jandira, por sua vez, tem aparecido em inserções na TV com o rosto marcado por hematomas e lembra números de violência contra a mulher no país.

"Com Crivella em primeiro desde o começo, os candidatos raciocinaram que fazia mais sentido lutar pelo segundo lugar. Pedro Paulo, sendo o candidato da situação, se tornou o principal alvo", diz o cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael. 

"Ele está muito aquém do que se esperava para quem tem mais tempo de televisão, a máquina... Os ataques, a questão da violência contra mulher, tiveram seu efeito na alta rejeição do candidato."

Jairo Nicolau lembra que o peemedebista, que também foi o candidato que mais arrecadou recursos no país, deve reforçar o uso da máquina eleitoral nesses últimos dias, o que pode levá-lo a se destacar. "Agora que eles vão encharcar a cidade com seus recursos, com a máquina da prefeitura. É um diferencial que ele tem."

Bispo Crivella

Marcio Ribeiro/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
Bispo licenciado, Crivella discursa no palco da Marcha para Jesus, em São Paulo
Preservado pelos adversários por boa parte do primeiro turno por estar em primeiro lugar e ser considerado presença certa do segundo turno, recentemente Crivella passou a ser alvo dos concorrentes. Eles lembram, em especial, a sua ligação com a igreja Universal do Reino de Deus --o senador é bispo licenciado e sobrinho de Edir Macedo-- e a aliança que fez com o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ).

Pedro Paulo aproveitou os últimos dias de horário eleitoral para se colocar como "o único capaz de enfrentar o bispo no segundo turno" e a chamar Crivella exclusivamente de bispo. Já Índio da Costa, em suas considerações finais no debate promovido por RedeTV!, "Veja" e UOL, fez questão de referir-se à Universal. 

"Se você não quer a Igreja Universal, com seus dogmas, mandando na escola do seu filho, mandando no hospital público, eu vou pedir o seu voto", afirmou.

Ismael analisa que os candidatos demoraram a criticar Crivella, dando espaço para que a candidatura do senador crescesse. "A crítica à Universal vai vir com tudo no segundo turno, de uma maneira muito mais incisiva do que o que foi colocado até agora. [Crivella] foi ignorado pelos adversários no começo da campanha. Poderiam ter atacado mais o Crivella. Ele ficaria mais perto dos 20% do que dos 30% de intenção de voto e esses 10% se dividiram entre os outros candidatos", afirma.

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