O que disse Doria um dia após eleição histórica em São Paulo

Do UOL, em São Paulo

Eleito prefeito de São Paulo em votação histórica, o tucano João Doria concedeu uma série de entrevistas ao longo desta segunda-feira (3) nas quais reafirmou a maioria de suas promessas de campanha e já antecipou que não vai tentar a reeleição daqui a quatro anos nem disputará o cargo de governador paulista em 2018.

"Fui eleito para ser prefeito. E por quatro anos apenas porque sou contra a reeleição", disse Doria em entrevista ao "Café com Jornal", da TV Bandeirantes.

Com uma coligação envolvendo 13 partidos, o tucano disse que não irá fazer "partilha" da prefeitura. Além do PSDB, Doria teve o apoio de PSB, Democratas, PPS, PV, PP, PHS, PMB, PRP, PTdoB, PTN, PTC e PSL.

"Não faremos partilha na prefeitura. Aqueles que foram eleitos saberão que nossa conduta será republicana. Não é preciso fazer partilha para ter apoio", falou.

Ao Bom Dia São Paulo, da "TV Globo", o prefeito eleito declarou que a vitória com números tão expressivos foi uma surpresa. "Não imaginávamos uma vitória tão expressiva e histórica, ainda mais para alguém de fora da política. Mas isso só aumenta a nossa responsabilidade, é uma honra", disse.

Questionado sobre o número de eleitores insatisfeitos --os votos em branco e nulos, somados às abstenções, foram maiores que a sua votação--, ele afirmou que isso mostra a insatisfação da população com os políticos, uma coisa que "não sou e nunca serei". "O recado das ruas é que é preciso uma boa gestão", disse o tucano, que voltou a afirmar que "não é político".

Como Doria ganhou no primeiro turno em São Paulo

Elogios a Haddad

O tucano também teceu elogios ao atual prefeito, Fernando Haddad (PT). "Vamos iniciar agora o programa de transição. Haddad teve um gesto republicano, me disse que portas da prefeitura estão abertas". Doria também desejou que o petista faça uma "boa gestão" nos próximos três meses.

O prefeito eleito deu ainda um recado ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) dizendo que não vai tolerar invasões de prédios públicos ou privados. Doria disse que a atual gestão foi permissiva quanto às invasões e falou que, agora, haverá "aplicação da lei".

"Ocupações terão tratamento rigoroso em SP"

Sem novos recursos, Prefeitura de SP sofrerá crise

Para o empresário, privatizar e fazer concessões de bens públicos da cidade é importante para as contas da capital paulista. Segundo o tucano, os recursos serão empregados na educação e saúde, sua prioridade "1, 2 e 3".

"Se não colocarmos novos recursos, a Prefeitura de São Paulo vai sofrer uma série crise. E não vou aumentar taxas e impostos", disse em entrevista à rádio BandNews FM.

Doria disse que, em sua gestão, haverá uma desestatização da prefeitura. "Começando pelo Parque Anhembi e pelo autódromo de Interlagos", citou o tucano. Para ele, com a mudança de mãos de Interlagos, o espaço do autódromo será um "grande espaço para eventos ao ar livre, para ser o maior da América Latina".

Ele também afirmou que todos os parques públicos serão concedidos ao setor privado. "Para ter banheiro de qualidade, vigilância, pisos adequados para ciclistas. E alguns parques poderão funcionar à noite", comentou.

Limite de velocidade sobe nas marginais

Em entrevista ao "Café com Jornal", Doria afirmou que irá acabar com a "indústria da multa". "Há uma obsessão pela multa", disse o tucano. O próximo prefeito de São Paulo disse que irá tirar os guardas municipais da função de multar, mas, apesar de criticar os números de radares na cidades (mais de 900), não falou em diminuir. 

Doria relembrou a promessa de sua campanha e irá alterar os limites de velocidades nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros para até 90 km/h. Atualmente, a velocidade máxima permitida nas vias é de 70 km/h. "Só não mudamos no dia seguinte porque é preciso arrumar as placas, a sinalização", disse ao Bom Dia São Paulo, da "TV Globo". 

Doria: estudarei a diminuição de velocidade caso a caso

Já os limites em outras avenidas, como a 23 de Maio e a Bandeirantes, não devem ser modificados em um primeiro momento. "Vamos manter e estudar caso a caso. Não sou contra redução de velocidade. Ela é construtiva, mas é preciso olhar. Por isso, nas marginais, tomamos essa decisão com base técnica", comentou o prefeito eleito.

Doria disse não acreditar que a velocidade seja a principal causa de acidentes de trânsito. "O maior fator gerador de acidente é o uso de celular ao dirigir", disse o tucano, que pediu aos telespectadores para quem não usem o aparelho ao conduzir um veículo.

Ciclovias serão mantidas

Outro ponto de polêmica da gestão de Haddad, as ciclovias "serão mantidas e preservadas onde funcionam bem", prometeu Doria, que pretende concessioná-las ao setor privado. "Não é privatização, é concessão", disse. "Vamos preservar a ciclovia com o setor privado", comentou o tucano.

Segundo Doria, a concessão será similar ao que é feito nas ciclofaixas de lazer, que funcionam apenas aos domingos e feriados na capital paulista. "[Elas] já estão com uma publicidade discreta, não rompe com a [Lei] 'Cidade Limpa', é discreta".

Em sua gestão, o prefeito eleito disse que quer tirar o custo do setor público e colocá-lo no setor privado. "Sem desemprego", afirmou.

Doria diz que manterá ciclovias e Paulista aberta a pedestres

Paulista continuará fechada

O tucano afirmou que quer manter e ampliar o programa que fechar ruas das cidades aos domingos. "Vai ser ampliado", disse, citando que manterá a avenida Paulista fechada para o uso dos pedestres. Ele ainda que colocar mais atrações culturais nas ruas com tráfego bloqueado para veículos. "Vamos incentivar ruas de lazer para música e atividades culturais".

Doria também afirmou querer o apoio do setor privado para melhorar as calçadas da cidade. "São tão ruins quanto as ruas. Onde houver comércio, vamos convidar comerciantes a ajudar nesse processo", disse o tucano, que é favorável a calçadas "mais simples" na cidade.

O prefeito eleito também quer uma mudança de comportamento de empresas como Sabesp e Eletropaulo. "Arrebentam a cidade [em obras] e fazem um tapa-buraco de qualquer jeito. Ao fazer serviço púbico, vamos ter que recapear 100 metros e não fazer pequenos remendinhos".

Com a Eletropaulo, Doria também irá pedir o aterramento da fiação de postes da cidade. "A lei traz obrigação [para o aterramento], mas não há pena. Primeiro, vamos tentar no diálogo", disse o político, que citou o espaço que os postes ocupam na cidade.

A favor de parcerias, o tucano disse que não irá construir novas creches. "Custa muito e leva muito tempo para ficar pronto".

"Não sou salvador da pátria"

Em entrevista à Globonews, o tucano disse que mudanças na área da saúde começam em janeiro, com parcerias com o governo do Estado e com hospitais privados para zerar a fila de 500 mil pessoas que esperam para fazer exames. Ele voltou a defender que a fila "vai ser zerada no prazo máximo de um ano", mas pediu que Haddad "continue administrando a cidade nesses três meses". "Ele não pode parar a ficar esperando [que a gestão acabe e Dória assuma]. Não sou salvador da pátria nem herói da política", disse.

Sobre a transição, o prefeito eleito afirmou que uma reunião hoje às 16h com a equipe dele definirá como será feita.  O coordenador de campanha, Júlio Semeghini, será também o coordenador do processo.

Eletropaulo terá que enterrar fiação elétrica, diz Doria

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos